Transferido, Cafu César se junta aos demais presos pela Polícia Federal
Vice-prefeito de Hortolândia permanece em prisão preventiva
no âmbito da Operação Coffee Break e é investigado por suspeita de
direcionamento de licitação e intermediação de pagamentos; defesa afirma
esperar Habeas Corpus
Transferido nesta semana para o Centro de Detenção
Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo, o vice-prefeito de
Hortolândia, Carlos Augusto César, o Cafu César (PSB), passou a dividir unidade
com outros presos em operações da Polícia Federal. Ele segue em prisão
preventiva, no contexto da Operação Coffee Break, que apura suposto esquema de
direcionamento de licitações e intermediação de pagamentos em contratos com a
empresa Life Tecnologia Educacional.
Cafu está preso desde 12 de novembro, quando foi alvo da
operação em Hortolândia e levado para a sede da Polícia Federal, em Campinas. A
transferência para o CDP de Guarulhos — uma das maiores unidades prisionais
provisórias do Estado — ocorreu em meio à prisão preventiva. A escolha pelo CDP
de Guarulhos é vista como comum, uma vez que a unidade reúne outros detidos
pela PF.
Enquanto o vice-prefeito está na nova unidade, a defesa
tenta reverter o quadro na Justiça. Questionado nesta quarta-feira (3) sobre as
possibilidades de soltura de Cafu e o andamento do Habeas Corpus impetrado em
favor do cliente, o advogado Ralph Tórtima evitou fazer previsões. “Só os
desembargadores sabem”, afirmou. Segundo ele, o Habeas Corpus “está para ser
apreciado e julgado”, indicando que a defesa aguarda uma decisão. O pedido
tenta derrubar a prisão de Cafu.
No campo político, os efeitos da prisão se fizeram sentir em
Hortolândia. No dia 17 de novembro, poucos dias após a deflagração da Operação
Coffee Break, a Câmara Municipal aprovou o afastamento de Cafu do cargo de
vice-prefeito por prazo indeterminado. Na prática, ele segue impedido de
exercer as funções no Executivo enquanto permanece preso.
Em 14 de novembro, a Prefeitura de Hortolândia oficializou a
exoneração de integrantes do alto escalão municipal após a ofensiva da Polícia
Federal. Foram exonerados o vice-prefeito, então secretário de Governo, além
dos secretários Rogério Mion (Habitação), Fernando Gomes de Moraes (Educação,
Ciência e Tecnologia) e a diretora de Departamento da Prefeitura, Carla Ariane
Trindade, apontada como ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Investigadores apontaram que o grupo fazia uso de lobistas
que intermediavam contatos e utilizavam de influência para favorecer a Life
Tecnologia Educacional diante de órgãos públicos.
Em Hortolândia, agentes recolheram documentos, computadores
e processos administrativos nas secretarias de Educação e Governo. A prefeitura
afirmou ter sido “surpreendida” pela ação, mas garantiu cooperação total com as
investigações.
A Operação Coffee Break foi deflagrada pela Polícia Federal
em parceria com a Controladoria-Geral da União (CGU) e mira supostas fraudes em
contratos na área educacional. A Life Tecnologia Educacional, apontada nas
investigações como uma das beneficiadas pelo esquema, teria recebido pagamentos
intermediados de forma irregular, segundo a apuração, que apontou
desdobramentos também em Sumaré.

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