Política
Lagoas de contenção construídas em Hortolândia evitam alagamentos em bairros

Planejamento eficaz contra enchentes coloca Hortolândia como referência

Reservatórios construídos a partir de projeto idealizado pelo ex-prefeito Angelo Perugini mostram força nos temporais; chuva intensa do último fim de semana confirmou, mais uma vez, eficiência de lagoas de contenção instaladas na cidade

Há cidades que aprendem a conviver com a chuva como quem convive com um velho inimigo: sabendo que, mais cedo ou mais tarde, ele volta. Hortolândia já foi uma delas. Por décadas, bastava que o céu escurecesse para que a população do Centro e de outras regiões revivesse o temor de enchentes rápidas, violentas e repetidas. Mas há também cidades que decidem virar a página — e Hortolândia, guiada por planejamento e visão de futuro, decidiu mudar sua história.

Os reservatórios de contenção, sonhados e estruturados ainda no segundo mandato do saudoso ex-prefeito Angelo Perugini (2009–2012), são hoje elementos silenciosos de uma transformação profunda. As lagoas Jac 1, Jac 2 (abreviação de Jacuba) e Lago da Fé, construídas com recursos federais conquistados pelo então prefeito, começaram a ser entregues em 2015 e, desde então, cumprem com rigor a missão para a qual nasceram: reter a água que antes invadia a cidade.

A prova mais recente dessa mudança veio neste último fim de semana. Nas últimas 72 horas, a Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Assuntos Climáticos registrou 88,4 milímetros de chuva. Isso significa 88,4 litros de água por metro quadrado, um volume capaz de causar estragos em municípios despreparados. Mas, em Hortolândia, a água encontrou destino: as lagoas de contenção.

A lagoa situada abaixo da Ponte da Esperança (Ponte Estaiada) se tornou a imagem mais clara dessa nova cidade. Nesta segunda-feira (15), foi possível ver o espelho d’água subindo e se acomodando no reservatório que, agora, segura o que antes inundava ruas e lojas na região central. A vazão controlada fez o que deveria fazer: evitou o caos, protegeu famílias e manteve intacta a rotina de quem já sofreu demais com enchentes.

“Além de acabar com as enchentes históricas que atingiam algumas regiões da cidade, conseguimos garantir mais qualidade de vida à população e mais segurança para empreendimentos e comércios”, destacou o prefeito Zezé Gomes (Republicanos), ao avaliar o comportamento dos reservatórios diante da forte chuva.

As duas primeiras lagoas — Jac 1, com capacidade de 660 milhões de litros, e Jac 2, com 840 milhões de litros — foram implantadas na região do Jardim Carmen Cristina e Jardim Minda. As obras canalizaram trechos do Ribeirão Jacuba, ampliando a capacidade de drenagem e preparando o território para um futuro mais resiliente. Na Vila Inema, atualmente, mais um trecho passa por canalização e receberá um novo Parque Socioambiental, conectando urbanismo e natureza.

Ao lado dessa engenharia hidráulica, surgiu uma engenharia de convivência. Ao redor dos reservatórios, a prefeitura criou áreas de lazer, ciclovias, equipamentos de ginástica, pistas de caminhada e paisagismo. As lagoas deixaram de ser estruturas isoladas e passaram a integrar um corredor ecológico, conectando bairros e aproximando a população das áreas de preservação.

“Hortolândia possui um diferencial: aqui nasce o Ribeirão Jacuba. Estamos recuperando cada área por onde ele passa, respeitando as áreas de preservação e promovendo a harmonia entre as pessoas e o meio ambiente”, afirmou Zezé.

A estratégia foi ampliada com investimentos no Parque Irmã Dorothy Stang, no Observatório Ambiental Parque Escola, nos parques lineares Chico Mendes, Renato Dobelin, Peron, São Bento e em toda a canalização que liga o Remanso Campineiro ao Jardim Minda. No Lago da Fé, duas lagoas adicionais armazenam 520 milhões de litros, consolidando o sistema de contenção que protege toda a bacia. A cidade que um dia foi marcada por enchentes hoje se apresenta como modelo de resiliência urbana, sobretudo em tempos de mudanças climáticas e tempestades mais severas. E o trabalho continua. Pelo Novo PAC, Hortolândia receberá R$ 160 milhões para macrodrenagem, ampliando a canalização de córregos, com reforço na limpeza das lagoas de contenção.

“O trabalho não para. É permanente e é planejado. Pensamos Hortolândia 30 anos à frente. Mudamos a cara da cidade, trouxemos empresas, universalizamos o tratamento de esgoto, ampliamos os grandes viários e tornamos a cidade mais preparada para os novos desafios climáticos. Mais do que obras, as lagoas são hoje guardiãs. Guardam a cidade, guardam a segurança de quem nela vive”, finalizou o prefeito Zezé.

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