Operação Coffee Break: Cafu César, Fernando Moraes, Rogério Mion e ex-nora de Lula são exonerados
Demissões ocorrem após prisões preventivas e buscas da
Polícia Federal na prefeitura; vice-prefeito Cafu César é um dos alvos centrais
da investigação; operação apura fraudes em contratos da educação desde 2020 em
Hortolândia e Sumaré
A Prefeitura de Hortolândia oficializou a exoneração de integrantes do alto escalão municipal após a ofensiva da Polícia Federal, através da Operação Coffee Break, que investiga fraudes em licitações e irregularidades em contratos públicos desde 2020.
Foram exonerados o
vice-prefeito Carlos Augusto César, o Cafu, então secretário de Governo, além
dos secretários Rogério Mion (Habitação), Fernando Gomes de Moraes (Educação,
Ciência e Tecnologia) e a diretora de Departamento da Prefeitura, Carla Ariane
Trindade, apontada como ex-nora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Cafu foi preso preventivamente na quarta-feira (12) por suspeita de direcionar licitações e intermediar pagamentos ligados à empresa Life Tecnologia Educacional. Segundo a investigação, ele teria recebido mais de R$ 2,4 milhões em vantagens indevidas para favorecer a empresa em contratos milionários destinados ao fornecimento de materiais didáticos e kits de robótica à rede municipal.
A investigação ainda aponta gastos milionários de Cafu na compra de itens de luxo e de um imóvel em Sumaré, de mais de R$ 1,3 milhão, com dinheiro em espécie. Também foi preso preventivamente o secretário de Educação, suspeito de participação no esquema. Rogério Mion, então secretário de Habitação, foi alvo de mandado de busca e apreensão na operação, assim como Carla Ariane Trindade.
Investigadores apontaram que o grupo fazia uso de lobistas
que intermediavam contatos e utilizavam de influência para favorecer a Life
Tecnologia Educacional diante de órgãos públicos.
A operação da PF cumpriu 50 mandados de busca e apreensão e
seis prisões preventivas em São Paulo, Distrito Federal e Paraná, incluindo 19
buscas e três prisões na região de Campinas. Em Hortolândia, agentes recolheram
documentos, computadores e processos administrativos nas secretarias de
Educação e Governo. A prefeitura afirmou ter sido “surpreendida” pela ação, mas
garantiu cooperação total com as investigações.
A Life Tecnologia recebeu de Sumaré e Hortolândia valores que ultrapassam a casa dos R$ 80 milhões, segundo a investigação.
LIGAÇÃO EM SUMARÉ
A mesma investigação revelou ramificações em Sumaré,
especialmente na gestão do ex-prefeito Luiz Dalben (PSD). O ex-secretário de
Educação, José Aparecido Ribeiro Marin, apontado como articulador local do
esquema, é suspeito de direcionar contratos e liberar pagamentos à Life em
troca de propina. Ele foi alvo de mandado de prisão preventiva, mas não foi
localizado.
A PF identificou ainda que a empresa praticava sobrepreço de
até 35 vezes sobre o valor real dos produtos vendidos a prefeituras. Dois
professores da rede municipal teriam recebido pagamentos ilegais após assinarem
documentos desclassificando empresas concorrentes. Uma servidora do Centro de
Formação de Educadores Municipais também é investigada por ter recebido R$ 187
mil.
Em Sumaré, mandados cumpridos na prefeitura recolheram
processos, mídias eletrônicas e computadores referentes aos contratos firmados
com a Life entre 2020 e 2021. A atual gestão afirmou colaborar integralmente e
reforçou que nenhum dos contratos sob suspeita pertence ao governo atual. O
ex-prefeito Dalben declarou que tomou conhecimento do caso apenas pela imprensa
e que sua administração sempre seguiu princípios de legalidade e moralidade.
Luiz Dalben não é citado nas investigações.
A defesa de Cafu afirmou ao Tribuna Liberal nesta sexta-feira
(14) que o empenho está centrado na soltura do vice-prefeito, “principalmente
diante da mais absoluta desnecessidade de sua prisão”. “O Habeas Corpus já está
impetrado. Quanto às questões de mérito, embora apresentem graves equívocos,
elas serão esclarecidas oportunamente, quando da oitiva de Cafu, que sequer
teve a oportunidade de ser ouvido pela Polícia Federal”, disse o advogado Ralph
Tórtima Filho. A reportagem não conseguiu contato com os demais citados na
tarde de sexta-feira.
Apuração aponta direcionamento de licitações e pagamento de
propina em favorecimento a empresa na área da educação
ZEZÉ NOMEIA NOVOS SECRETÁRIOS PARA EDUCAÇÃO, HABITAÇÃO E
GOVERNO
A Prefeitura de Hortolândia anunciou, nesta sexta-feira
(14), a nomeação dos novos secretários municipais que irão comandar as pastas
de Educação, Habitação e Governo. As escolhas foram oficializadas pelo prefeito
Zezé Gomes (Republicanos) no mesmo dia em que o município confirmou a
exoneração de três secretários e de uma diretora de departamento, em
decorrência da operação Coffee Break, da Polícia Federal.
Ao anunciar os novos integrantes da equipe, o prefeito Zezé
Gomes destacou a importância de assegurar continuidade administrativa e
fortalecer a gestão com profissionais experientes. Segundo ele, as nomeações
priorizam servidores de carreira e pessoas com conhecimento técnico, garantindo
que as políticas públicas sigam avançando sem interrupções. “Seguimos
trabalhando com seriedade, responsabilidade e total transparência. Hortolândia
continuará no rumo certo, com uma gestão comprometida com a legalidade e com o
bem-estar da população”, afirmou o prefeito.
Para a Secretaria de Educação, o prefeito nomeou a
professora e servidora municipal Simone Locatelli, que possui trajetória
consolidada na rede pública e conhecimento técnico da área. Já a Secretaria de
Governo passa a ser comandada pelo também servidor municipal Gerson Ferreira,
que ocupava o cargo de secretário-adjunto de Inclusão Social. A movimentação
interna abre espaço para o ex-vereador Lenivaldo Pauliuki, que estava na
diretoria do Fundo Social, assumir a secretaria-adjunta de Inclusão Social.
Na Habitação, assume o atual secretário-adjunto Renato
Franceschini, que já integrava a equipe técnica da pasta e agora passa a
comandá-la oficialmente. Para reforçar a estrutura administrativa, o prefeito
convidou a advogada Sidneia Aparecida dos Santos para dirigir o Departamento de
Almoxarifado e Patrimônio. Além disso, Marco Antonio Nascimento assume a
Diretoria de Gestão de Contratos, área estratégica para o acompanhamento dos
processos administrativos e de compras públicas.
As nomeações sucedem a exoneração de Carlos Augusto César, o
Cafu (Governo), Fernando Moraes (Educação) e Rogério Mion (Habitação), além de
Carla Ariane Trindade, diretora de Almoxarifado e Patrimônio. As exonerações
foram realizadas a pedido dos próprios gestores para que possam apresentar suas
defesas no âmbito da operação federal.
A gestão disse que “todos os processos licitatórios seguem
estritamente a legislação vigente, pautados pela transparência e pela
responsabilidade pública”.
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