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2ª Vara Judicial de Nova Odessa condenou homens por roubo em caso de falsa amizade

Justiça condena bando que usou terno durante roubo e manteve moradores reféns e amarrados em Nova Odessa

Dois réus foram condenados a 7 anos e 4 meses de reclusão e outro a 8 anos e 6 meses de prisão, em regime inicial fechado; ação criminosa aconteceu em 2017 no Parque Residencial Triunfo; família teve prejuízo acima de R$ 38 mil

A 2ª Vara Judicial de Nova Odessa condenou três homens por assalto armado praticado em 2017, em que a quadrilha usou terno e sapato social para entrar na casa da vítima e levar bens de alto valor mediante agressões. 

A decisão reconhece que o crime foi premeditado e executado com abuso de confiança, grave ameaça e restrição de liberdade de uma família, no Parque Residencial Triunfo. Dois réus foram condenados a 7 anos e 4 meses de reclusão e outro a 8 anos e 6 meses de prisão, em regime inicial fechado.

Segundo a Justiça, o crime começou a ser arquitetado antes da invasão à residência. A vítima conheceu um dos assaltantes cerca de um ano antes, em uma casa de massagem em Campinas, onde eles passaram a se relacionar. Quinze dias antes do crime, o bandido foi à casa da vítima pela primeira vez.

No dia do roubo, o réu teria insistido várias vezes por telefone para voltar à residência, dessa vez acompanhado de um “tio”. A insistência chamou atenção, mas a vítima acabou aceitando a visita, acreditando se tratar de um encontro amistoso.

Quando dois homens chegaram à casa, um terceiro surgiu armado, usando terno preto e sapato social, anunciando o assalto. Toda família foi rendida na casa e amarrada com presilhas do tipo “enforca-gato”. Testemunhas relataram que dois réus permaneceram tranquilos durante todo o assalto, chegando a beber no local enquanto o roubo acontecia.

A filha da vítima contou que ela e a mãe foram amarradas em um cômodo, enquanto um dos homens ajudava o assaltante a carregar pertences e voltar calmamente para dentro da casa. Foram roubados anel de ouro e outros objetos pessoais da família, totalizando R$ 38,7 mil. “O indivíduo pediu para todos deitarem ao chão e que colocassem as mãos atrás das costas e então os amarrou”, detalha a decisão.

A análise de imagens de monitoramento da Guarda Municipal de Nova Odessa e do circuito de câmeras ajudou na investigação do caso. Relatórios de trânsito mostraram que um Peugeot e um Toyota Corolla passaram pela mesma rua com apenas dez segundos de diferença, na direção da residência da vítima. Os horários indicaram que os réus já circulavam pela área cerca de uma hora antes de se aproximarem da casa.

O processo aponta que um dos bandidos não estava dentro dos carros no momento em que os demais chegaram à frente da casa. Imagens mostram um deles saindo de uma área de mata, caminhando até a residência e entrando no imóvel armado.

A estratégia, segundo a decisão, foi usada para simular a chegada de um terceiro “estranho” ao local, tentando afastar suspeitas sobre a participação dos demais, que se apresentavam como “simples visitantes”.

VISITA DE AMIGO VIROU ASSALTO

Na dosimetria, a Justiça destacou a premeditação e o uso da relação de confiança entre um dos bandidos e a vítima para facilitar o acesso à casa. O trio manteve as vítimas sob intensa intimidação, amarradas e sob ameaça de arma de fogo. A decisão descreve o episódio como um verdadeiro “terror psicológico”, com reflexos emocionais que perduram até hoje, especialmente sobre as vítimas que presenciaram toda a ação.

MANTIDA PRISÃO

Na sentença, a juíza Michelli Vieira do Lago Ruesta Changman afirma que a soltura dos acusados representaria “risco efetivo à ordem pública”, diante da gravidade da conduta, do planejamento do crime e da forma como foi executado: “premeditado, articulado em concurso de agentes e viabilizado por ardil para ingressar na residência da vítima”. A magistrada negou o direito do grupo recorrer em liberdade, mantendo a prisão preventiva.

 


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