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Alunos realizavam aula prática nesta terça na Avenida João Pessoa, em Nova Odessa

Fim da exigência de autoescolas para tirar CNH provoca demissão de 4 mil e afeta 63 CFCs na região

Aprovação da resolução do Contran que retira obrigatoriedade de aulas em autoescolas causa mudanças; Centros de Formação de Condutores já são afetados em Sumaré, Hortolândia, Americana, Paulínia, Monte Mor e Nova Odessa

A aprovação da resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que elimina a exigência de aulas obrigatórias em autoescolas para quem deseja obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH), já provoca um forte impacto no setor na região. 

A Associação das Autoescolas de Campinas e Região afirmou nesta terça-feira (2), ao Tribuna Liberal, que mais de 4 mil trabalhadores já foram demitidos na área da regional com o avanço do modelo que permite ao candidato estudar por conta própria, acessar gratuitamente o curso teórico digital e contratar instrutores autônomos credenciados. 

Segundo o Detran-SP, 63 Centros de Formação de Condutores (CFCs) credenciados serão afetados pela mudança, sendo 19 em Sumaré, 18 em Hortolândia, dez em Americana, oito em Paulínia, cinco em Monte Mor e três em Nova Odessa.

Diante da queda brusca na demanda por serviços tradicionais, a associação negocia com sindicatos alternativas para tentar preservar empregos e evitar o que chamou de “colapso total”.

Esse número de demitidos pode aumentar, será um colapso total. As autoescolas já estão sem funcionários para fazer matrículas, atender alunos, não está tendo o básico nas autoescolas para quem já pagou sua CNH”, relatou o presidente da associação de Campinas e região, Matheus Martins.

A preocupação é que mais estabelecimentos reduzam suas estruturas e até encerrar as atividades - o novo modelo reduz de 20 para apenas 2 horas a carga horária mínima obrigatória de prática veicular.

A apreensão ainda é reforçada pelos números recentes de emissão de habilitações na região. Entre janeiro e novembro de 2023, foram emitidas 54.278 CNHs na região de Campinas. No mesmo período de 2025, o total caiu para 51.663 — uma queda de 4,8% — mesmo antes da entrada em vigor da nova regra.

A resolução do Contran, aprovada por unanimidade em 1º de dezembro, segue, segundo o governo federal, padrões internacionais adotados em países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá, que priorizam a avaliação do candidato em vez da quantidade de aulas.

O Ministério dos Transportes afirma que o objetivo é democratizar o acesso à habilitação, modernizar o processo e reduzir os custos para a população. Hoje, o valor para tirar a CNH pode chegar a R$ 5 mil, mas, com o novo modelo, o governo projeta redução de até 80%.

Apesar dos argumentos do governo, o setor de formação de condutores teme que a medida provoque a desestruturação total do mercado antes da completa regulamentação e fiscalização dos instrutores autônomos e há quem opine que a proposta pode trazer prejuízos ao aprendizado de alunos.

SÓ EM SUMARÉ 4 CFCs JÁ FECHARAM, DIZ ASSOCIAÇÃO

A crise que atinge os Centros de Formação de Condutores (CFCs) mostra reflexos diretos em Sumaré. Segundo a Associação das Autoescolas de Campinas e Região, quatro CFCs do município encerraram as atividades apenas de setembro até agora — um sinal de que o setor vive um dos momentos mais difíceis dos últimos anos.

O presidente da associação, Matheus Martins, explica que a região toda atravessa um cenário crítico com a nova norma do governo federal. De acordo com Martins, Sumaré está entre os municípios mais afetados da região. 

A resolução do Contran, aprovada por unanimidade, moderniza o processo de obtenção da CNH e elimina a obrigatoriedade de frequentar autoescolas para as etapas teórica e prática.

O QUE MUDA COM A NOVA REGRA

O candidato poderá:

Fazer todo o processo inicial pelo site do Ministério dos Transportes ou pela Carteira Digital de Trânsito;

Estudar o conteúdo teórico gratuitamente pela plataforma digital do governo;

Optar por aulas presenciais, autoescolas tradicionais ou instrutores autônomos credenciados;

Cumprir apenas duas horas mínimas de aulas práticas, em vez das atuais 20 horas.


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