Estado declara cenário de escassez hídrica na região
Medida atinge todas as cidades dependentes da Bacia do Rio
Piracicaba e foi confirmada pelo Conselho Diretor da SP Águas; estiagem agrava
problemas
O Conselho Diretor da SP Águas (Agência de Águas do Estado
de São Paulo) declarou estado de escassez hídrica no âmbito da bacia
hidrográfica do Rio Piracicaba, composta por mais de 30 municípios, incluindo
Americana. O decreto estabelece uma série de medidas a serem adotadas pelo
Governo do Estado e recomenda ações complementares aos municípios.
De acordo com o documento, a condição de escassez hídrica é
caracterizada por um desequilíbrio quantitativo entre a oferta e a demanda de
água na bacia do Rio Piracicaba. Esse desequilíbrio decorre do aumento da
demanda em comparação com a disponibilidade hídrica atual.
O superintendente do DAE de Americana, Marco Morelli,
explicou que o decreto estadual é importante para respaldar os municípios e
chamar a atenção da população para o cenário hídrico.
“O documento comprova que o cenário problemático é regional, com o Estado reconhecendo que a Bacia do Rio Piracicaba está com pouca água. É o primeiro passo para que o Estado possa adotar medidas de apoio aos municípios. Nossas equipes têm trabalhado com muito empenho para buscar amenizar o problema e esperamos que as chuvas possam melhorar as condições do rio nos próximos dias”, disse.
ABASTECIMENTO
Conforme Boletim Hidrológico do Consórcio PCJ, o índice de
chuva de agosto na Bacia do Rio Piracicaba foi 90,2% inferior à média histórica
para o período, de 32,2 milímetros. O mês contabilizou 30 dias sem precipitação
relevante e foi o sétimo mês de 2025 com índices pluviométricos abaixo do
esperado. Já o mês de setembro (até o dia 21) não foi diferente, sem registro
de chuvas significativas na Bacia do Rio Piracicaba.
Com chuvas abaixo da média nos meses de agosto e setembro, o
sistema de abastecimento de água de Americana vem enfrentando intermitência em
diversos bairros principalmente nos últimos dez dias. Isso ocorre por conta da
baixa qualidade da água do Rio Piracicaba, que torna necessário reduzir
temporariamente o volume tratado para assegurar que a população receba água
dentro dos padrões de qualidade exigidos.
Essa condição também exige a realização de lavagens mais frequentes nos decantadores e filtros da Estação de Tratamento de Água, o que provoca oscilações no abastecimento em diferentes regiões da cidade. Essa situação só deve ser normalizada com a retomada das chuvas na cabeceira do manancial.
SISTEMA CANTAREIRA
O nível da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba, ligada ao
Sistema Cantareira, este com 29,4% de volume útil, resultou na suspensão da
emissão de novas outorgas de água até que o volume dos reservatórios seja
recomposto.
O Protocolo de Escassez Hídrica aprovado pela agência visa
orientar a atuação no que tange às medidas preventivas e de contingência a
serem adotadas de acordo com os diferentes níveis de disponibilidade hídrica.
Para números entre 30% e 20% de volume útil, é acionado o estágio crítico, que
prevê a suspensão de outorgas, diminuição de vazões outorgadas, intensificação
da fiscalização em locais críticos, entre outras medidas.
“Estamos atuando com rigor, adotando medidas com
planejamento e antecipação, para que possamos enfrentar essa estiagem com o
menor impacto possível sobre as pessoas. O Sistema Integrado Metropolitano
(SIM) está em 32,4%, ainda acima dos 30% que configuram estágio crítico. Mas
temos casos de reservatórios do Sistema onde a redução foi maior, por isso
estamos atuando para proteger esses recursos”, afirma Camila Viana, presidente
da SP Águas.
Ela explica que neste momento não vai haver redução imediata
de outorgas já concedidas, mas aumento da fiscalização para coibir abusos e
irregularidades no uso da água. Além disso, serão feitas reuniões com os
comitês de bacias para comunicação e avaliação da situação de cada região.
Na região, dependem do Sistema Cantareira cidades como
Americana, Sumaré, Paulínia, Monte Mor e Hortolândia.

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