Região de Campinas registra chegada de dez novas construtoras durante o ano
Mesmo com desaceleração econômica e juros elevados, construção civil manteve crescimento em 2025; projeções do SindusCon-SP indicam expansão de 1,8% no PIB do setor e esperam novos investimentos para região no próximo ano
O SindusCon-SP, entidade que representa os construtores e
fornecedores da construção civil no Estado de São Paulo, apresentou análise do
desempenho da construção civil em 2025 e as perspectivas econômicas para 2026.
O diretor da Regional Campinas do SindusCon-SP, Marcio Benvenutti, destacou a
vinda durante o ano de dez novas construtoras para a região.
“Em relação a vinda dessas empresas, nossa expectativa é
muito positiva para 2026, pelo potencial gerador de novos negócios regionais
que elas trazem. Inclusive esse movimento das construtoras nos estimulou a
criar na Regional uma diretoria voltada especificamente para Investimentos e
Incorporações.”, acrescentou.
Por outro lado, a escassez de mão de obra qualificada
continua como um dos gargalos para a maior expansão do setor. Benvenutti
afirmou que a parceria SindusCon-SP e Senai-SP, no início de dezembro, formou
mais uma turma de 27 alunos do curso de especialização profissional em Mestre
de Obras, realizado na Escola Senai Roberto Mange, em Campinas. Com isso, a
Regional passou a marca de 550 diplomados nesta especialização em Mestre de
Obras.
Participaram da apresentação o presidente do SindusCon-SP,
Yorki Estefan; o vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan; e
a coordenadora de Projetos da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Ana Maria Castelo.
O presidente Yorki Estefan destacou que a análise anual da
Área Econômica do SindusCon-SP reúne os principais indicadores que
influenciaram o desempenho do setor ao longo de 2025. Ele enfatizou que, apesar
de ter sido um ano desafiador, o setor segue gerando empregos, ainda que em um
ritmo menor, e contribuindo para o crescimento da indústria brasileira. Também
lembrou que a velocidade de vendas de empreendimentos imobiliários no médio
padrão diminuiu diante da dificuldade de acesso ao crédito pela população,
reforçando que a construção civil responde diretamente ao comportamento da
economia: quando os juros caem, o setor acelera; quando os juros permanecem
elevados, o ritmo de crescimento diminui.
“O ano de 2025 foi marcado pela desaceleração da atividade econômica, movimento que também alcançou o setor da construção. Observamos um crescimento moderado, abaixo do potencial, mas sem caracterizar recessão. Foi um período importante, com avanços institucionais relevantes, como as reformas tributária e do Imposto de Renda da Pessoa Física. Para 2026, mantenho a expectativa de um cenário mais favorável, tanto para a construção civil quanto para o país”, afirma Eduardo Zaidan.
PIB DA CONSTRUÇÃO
O PIB da construção deve encerrar 2025 com crescimento de 1,8%, segundo estimativas do FGV Ibre com base em dados do IBGE, confirmando a perda de ritmo em relação a 2024. Para a coordenadora Ana Castelo, “a construção diminuiu o ritmo e a confiança, a percepção dos negócios, ficou mais pessimista”. Entre os indicadores de atividade, o consumo de cimento avançou 3,6% no acumulado do ano até outubro. No mesmo período, a indústria e o comércio de materiais de construção registraram quedas de 0,7% e 0,1%, respectivamente. Do total produzido pela indústria de materiais, 47% têm como destino direto as famílias.
MERCADO DE TRABALHO
No mercado de trabalho, a construção manteve saldo positivo de contratações formais. Nos últimos 12 meses até outubro, o emprego com carteira no setor cresceu 2,84%. A escassez de mão de obra qualificada e a demanda insuficiente continuaram entre os principais entraves apontados pelas empresas. Até outubro, o setor empregava mais de 3 milhões de trabalhadores no Brasil e cerca de 365 mil no Estado de São Paulo.
CRÉDITO HABITACIONAL
Em contrapartida, o crédito habitacional voltado à classe
média sofreu forte retração. Dados da Associação Brasileira das Entidades de
Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) mostram que as contratações de
financiamento de unidades habitacionais com recursos do Sistema Brasileiro de
Poupança e Empréstimo (SBPE) caíram 48,9% na modalidade construção e 7,4% na
modalidade aquisição, na comparação dos primeiros dez meses de 2025 com o mesmo
período de 2024, resultando em queda de 21,4% no total do ano.
PERSPECTIVAS PARA 2026
Em um cenário-base (nem pessimista, nem otimista), o
FGV/Ibre estima que o PIB da construção deve crescer 2,7% em 2026. De acordo
com Ana Castelo, as perspectivas para o próximo ano dependerão do comportamento
de variáveis como o cenário eleitoral, a conjuntura geopolítica e a atividade
econômica interna. A combinação de juros ainda elevados, situação fiscal e
menor dinamismo econômico pode impactar negativamente investimentos e mercado
de trabalho.
Em contrapartida, fatores como a queda gradual dos juros, o
aumento dos gastos estaduais com obras, novas intervenções do Minha Casa Minha
Vida, o novo modelo de financiamento habitacional, o ciclo de investimentos em
infraestrutura e o Programa Reforma Casa Brasil podem impulsionar a atividade
da construção ao longo do próximo ano.

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