Preço de legumes, frutas e verduras dispara nos supermercados da região
Produtos como banana nanica, tomate e batata chegam ao
varejo a preços até 260% maiores do que os praticados no atacado; alta obriga
mudança de hábitos do consumidor para manter a compra dos alimentos
Beth Soares | Região
A alta no preço de hortifrutis encarece o preparo de pratos simples como a boa salada de alface, com tomate e cebola, ou as delícias que pedem batata. É o que relatam consumidores que afirmam fazer malabarismos para manter o consumo de frutas, verduras e legumes, cujos preços dispararam nos supermercados da região. São parte deste grupo a banana nanica, tomate, batata, cebola e até o chuchu. A banana nanica, por exemplo, é encontrada por até R$ 8,99 o quilo, preço quase 260% mais alto se comparado ao valor de atacado praticado na Ceasa (Central de Abastecimento de Campinas), onde a fruta é encontrada por R$ 2,50 o quilo.
A trabalhadora autônoma Karina dos Santos, de 42 anos, sente o peso da alta dos hortifrutis no orçamento desde dezembro. Ela observa que banana, tomate, batata e cebola são os itens que mais subiram nos supermercados. “Banana nanica é a fruta mais consumida pelos meus filhos. Cheguei a pagar R$ 9, 90 no quilo. Antes, custava R$ 3,99. Já não dá nem para usar a expressão preço de banana quando nos referimos a algo que custa muito barato porque essa fruta está muito cara”, ironiza.
Casada e mãe de dois filhos, Karina adotou algumas práticas antes de ir às compras. Pesquisa preços em diversos supermercados, fica de olho nas promoções e reduz a variedade de itens numa única compra. “Uma semana compro banana, na outra maçã, faço um revezamento entre as frutas que os meninos mais gostam. Para comprar batata e tomate, aguardo promoções. Às vezes, substituo o tomate comum por aquele bem pequenininho, que vem em caixinhas. Está mais barato. Também reduzi o consumo de cebola”, assinala.
A moradora de Hortolândia calcula que de dezembro para cá, houve um aumento de mais de 20% nas despesas semanais com frutas, verduras e legumes. “O combustível aumentou, pedágio também, precisa de caminhão para transportar esses produtos até os supermercados e, nós, consumidores finais, pagamos por tudo isso”, pondera Karina.
Dona Lucia Santana, de 61 anos, enfermeira aposentada, é uma tradicional consumidora de quiabo e chuchu. Nesta semana, a moradora de Sumaré se espantou com o elevado preço desses legumes nos supermercados. “Um absurdo. Nem comprei. Vou esperar baixar. Chuchu e quiabo estão valendo ouro”, reclamou a aposentada.
A indignação de dona Lucia tem fundamento. Na pesquisa de preços realizada nesta quinta-feira (19) pelo Tribuna Liberal nos sites dos principais supermercados da região, o quilo de chuchu chegava a ser vendido por até R$ 5,99. Na cotação divulgada pela Ceasa-Campinas, nesta semana, o quilo do legume custava R$ 3,00. No varejo, o quiabo chega a custar até R$ 19,99 o quilo, 179,97% mais caro que na Ceasa, que sai por R$ 7,99.
De acordo com o Índice de Preços dos Supermercados Paulistas, calculado pela APAS (Associação Paulista de Supermercados), o setor hortifrutigranjeiro apresentou inflação de 28,1% em 2022. Segundo a associação, o aumento foi motivado pelos efeitos das alterações climáticas sobre a produção doméstica. Os tubérculos aumentaram mais de 65% no período, enquanto as frutas, verduras e legumes tiveram variação de 20,2%, 19,6% e 15,3%, respectivamente.
Os produtos que mais inflacionaram no subgrupo hortifruti foram: cebola (138%), batata (71%), maçã (69%), vagem (52%) e tomate (30%). Por outro lado, abobrinha, abacaxi e cenoura tiveram redução de 7% na variação 2021/2022, informou a APAS por meio da assessoria de imprensa.
Outro fator que teria contribuído para o aumento dos preços foi a guerra na Ucrânia. Segundo a entidade, o conflito impactou os preços de alguns insumos essenciais para o setor agrícola, como os fertilizantes. A Rússia é o principal fornecedor de fertilizantes do Brasil, respondendo por aproximadamente 70% das importações do insumo.
Chuvas influenciam alta de legumes
O engenheiro agrônomo Ricardo Munhoz, chefe do Departamento de Agricultura da Ceasa Campinas, informou que do início de dezembro e até a primeira quinzena deste mês, os preços dos hortifrutis apresentaram variações diversas. Banana, tomate e cebola - que figuram entre os itens que geram reclamação pelos preços praticados no varejo -, tiveram seus valores reduzidos na venda por atacado. A cebola passou de R$ 7,00 para R$, 4,25 o quilo. A banana caiu de R$ 3,50 para R$ 2,50. O tomate de R$ 5,50 para R$ 5,00.
Já a batata, apresentou aumento de preço (de R$ 3,50 para R$ 5,20), assim como a melancia, melão, alface crespa, couve-flor e pepino. “Tais aumentos, principalmente nos legumes, estão relacionados às chuvas das últimas semanas”, explicou Munhoz.
De acordo com o engenheiro, dependendo da região de origem, na temporada de chuvas alguns produtos podem sofrer diminuição da oferta no campo e, consequentemente, apresentarem preços mais altos no mercado.
Tomate é vilão na cesta básica em Campinas
O tomate é o produto que apresenta maior aumento de preço entre os itens que compõem a cesta básica de Campinas, segundo apuração do Observatório da Puc-Campinas (Pontifícia Universidade Católica), divulgada nesta semana.
O legume de fruto teve aumento de 13% em dezembro, comparado ao mês de novembro, com preço médio de R$ 9,92 o quilo, nos 28 estabelecimentos comerciais pesquisados pelo Observatório.
“Claramente o item que teve a maior alta foi o tomate (13%), que representa quase 12% do custo total da cesta básica”, enfatiza o economista Pedro de Miranda Costa, professor da PUC-Campinas, que coordena a apuração dos preços da cesta básica.
Estudos do Observatório mostram que o custo da cesta básica em dezembro ficou em R$ 754, valor 3,6% mais caro comparado ao mês anterior, quando o custo do kit de alimentos foi cotado em R$ 727, 66. “O aumento é alto considerando que se refere a um único mês”, observa Costa.
O economista explica que a elaboração da Cesta Básica Campinas segue a metodologia do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudo Socioeconômico) em relação aos 13 itens de alimentação e quantidades conforme cada região do país: açúcar, arroz, banana, batata, café, carne, farinha, feijão, leite, manteiga, óleo, pão francês e tomate. No grupo de hortifrutis, batata e banana são outros itens que apresentaram variação de preços na cesta básica de alimentos, com aumento de 1% e 0, 6%, respectivamente. Em dezembro, o preço médio da batata foi de R$ 6,48 o quilo e da banana R$ 7,46.
Costa deixa uma dica para o consumidor economizar. “A orientação é sempre é pesquisar, procurar conhecer estabelecimentos que em alguns dias da semana fazem promoção de determinados itens e, também, tentar substituir aquele item que está sofrendo uma alta maior por outro”.
Como gastar menos ao comprar hortifrutis
- Pesquise os preços antes de comprar e fique de olho nas promoções
- Faça listinhas antes de sair de casa. Para isso, considere o número de pessoas na sua casa, os gostos e quantidades consumidas.
- Comprar semanalmente – ou em períodos curtos – permite que você tenha tudo fresquinho e não jogue nada fora.
- Faça compras em grupos nos estabelecimentos que vendem por atacado
- Compre alimentos da estação e do comércio local. Como a oferta e disponibilidade são maiores, o preço costuma ser menor.
- O final da feira, a famosa xepa, é o melhor momento para conseguir bons preços na compra de frutas, legumes e verduras.
- Substitua os produtos em alta por itens mais baratos
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