Economia
Famílias de baixa renda da região têm constatado achatamento do salário, tornando cenário desafiador

Famílias em declínio financeiro crescem 48,8% na região nos últimos dois anos

Levantamento aponta que elevação de situação de empobrecimento afeta 268 mil famílias de baixa renda nas cidades da região; morador de Sumaré procura ‘estabilidade’

Paulo Medina | Tribuna Liberal

Um levantamento produzido pela empresa Acordo Certo revelou que o declínio financeiro de famílias de baixa renda registrou um aumento significativo nas cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas) ao longo dos últimos dois anos. Os dados incluem famílias de Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Monte Mor e Paulínia.

Segundo a pesquisa da empresa, durante o período mais desafiador da pandemia da Covid-19, em 2021, a RMC contava com 180 mil famílias classificadas na Classe D, cuja renda vai até R$ 2 mil por mês, endividadas. No entanto, até outubro de 2023, esse número cresceu para 268 mil, representando um aumento de 48,8%, conforme a pesquisa.

O total de endividados nas famílias consideradas da Classe E - com ganhos de até R$ 1,2 mil por mês – passou de 8 mil para 18 mil pessoas na região. O cenário também se revela preocupante, uma vez que houve uma “explosão’ de 125% no número de inadimplentes.

O aumento do empobrecimento nas classes sociais mais baixas é atribuído, em grande parte, a uma perda da força da economia brasileira, aos impactos prolongados da pandemia e aos prejuízos nas relações de trabalho informal, segundo economistas.

O auxílio emergencial, embora tenha ajudado temporariamente as populações mais vulneráveis, não foi suficiente para manter essas famílias em suas classes sociais, resultando em uma migração para níveis mais baixos socialmente, na avaliação de estudiosos.

A situação é crítica para muitas famílias, como a de Roberto Cardoso dos Santos, de 48 anos, recém-chegado a Sumaré. “Eu vim do interior do Mato Grosso pra cá para tentar a vida, lá a gente só trabalha na roça e aqui vim buscar algum emprego na indústria porque é melhor, ser registrado, ter benefícios, vale de mercado, 13º salário, isso ajuda muito”, disse ele.

“O cenário é desafiador, é preciso buscar soluções para minimizar a perda da renda, ganhar só um salário mínimo não dá, tem que dar mais suporte a quem precisa, ficar desempregado é precário, ganhar só R$ 1,3 mil por mês também é precário”, desabafou o morador da região do Matão.

CAPACIDADE DE CONSUMO

O país registrou em junho deste ano 78,5% das famílias com dívidas a vencer no país. Conforme a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), este foi o maior volume da série histórica, iniciada em 2010. 

Para explicar essa situação, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, avaliou que a economia nacional passa por um cenário de endividamento e inadimplência crescente, o que afeta a capacidade de consumo das famílias. 

“O equilíbrio entre os objetivos de estabilidade de preços e o crescimento econômico é um desafio a ser perseguido e que será determinante para a retomada do desenvolvimento do país”, disse a CNC.

Deixe um comentário