Bruxismo é provocado pelo estresse crônico e afeta 30% de pessoas na RMC
Com base em estatísticas da OMS, cirurgião-dentista estima
que, nas cidades da região, mais de 1 milhão de habitantes convivem com o
hábito de ranger ou apertar os dentes em decorrência da tensão emocional gerada
pela vida moderna
Reflexo do estresse crônico da vida moderna, o bruxismo -
hábito de ranger ou apertar os dentes - afeta 30% da população da RMC (Região
Metropolitana de Campinas). A estimativa é do cirurgião-dentista Edinei Dias da
Silva, formado pela Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), com base em
dados da OMS (Organização Mundial da Saúde).
Segundo estatísticas da OMS, 30% da população mundial sofre
com o bruxismo. Levando em consideração que a RMC tem 3,4 milhões de
habitantes, é possível estimar que mais de 1,1 milhão de pessoas convivem com o
hábito involuntário de ranger ou apertar os dentes.
“O estresse não é apenas um problema emocional: ele se
reflete no corpo inteiro, e a boca é um dos primeiros sinais. Dentes
desgastados, fraturas, retração gengival e até perdas podem ocorrer”, observa o
especialista.
Edinei Silva, cirurgião-dentista: cuidar da boca é também cuidar
da mente
E o bruxismo está no topo da lista quando o desequilíbrio
emocional se manifesta também na boca. Na prática clínica, Silva observa que
cerca de 25% a 30% dos pacientes apresentam sinais de bruxismo, em graus
variados. “Muitas vezes, eles desconhecem a condição até a consulta
odontológica”, comenta.
Os sintomas mais comuns do bruxismo, assinala o
cirurgião-dentista, incluem desgaste dental, dor na mandíbula, dor de cabeça ao
acordar, sensibilidade nos dentes, estalos na articulação temporomandibular
(ATM) e até dificuldade para abrir a boca em casos mais severos.
Segundo Silva, o distúrbio é considerado uma desordem
multifatorial, mas o estresse e a ansiedade são os principais gatilhos. “Quando
a pessoa está sob tensão, o corpo libera hormônios relacionados ao estresse que
aumentam a atividade muscular, inclusive dos músculos da mastigação. Isso pode
levar ao apertamento ou ranger dos dentes, principalmente durante o sono”,
explica.
O especialista informa que o diagnóstico é feito pelo dentista com base no histórico clínico, exame físico e, em alguns casos, exames complementares como a polissonografia, que monitora a atividade cerebral ocular, muscular e respiratória durante o sono para identificar distúrbios.
TRATAMENTO
O bruxismo pode comprometer a qualidade do sono, causar
dores de cabeça frequentes, levar a fraturas e desgaste dos dentes, além de
problemas na ATM. Essa condição impacta diretamente o bem-estar, a autoestima e
até o desempenho no trabalho ou estudos. Por isso, precisa ser tratado, orienta
o especialista.
“O tratamento envolve o uso de placas miorrelaxantes para
proteger os dentes durante o sono, fisioterapia para relaxar a musculatura,
técnicas de controle do estresse e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Em
situações específicas, a toxina botulínica pode ser indicada para reduzir a
força muscular”, recomenda.
Silva ressalta que para controlar o bruxismo é preciso,
também, a ajuda de outros profissionais. “Muitas vezes, trabalhamos em conjunto
com psicólogos, psiquiatras, fisioterapeutas e médicos do sono. Essa abordagem
multidisciplinar é essencial para tratar não só os efeitos, mas também as
causas relacionadas ao estresse e ao padrão de sono”, afirma.
A enfermeira Vânia Aparecida Marques, 45 anos, moradora de
Sumaré, descobriu que tem bruxismo há 10 anos. Depois de acordar com um dos
dentes quebrados, procurou um dentista que, após exames, fechou o diagnóstico.
Desde então, utiliza placa para proteger os dentes durante o sono. “Nem
percebia que tinha esse hábito de ranger e apertar os dentes. A placa me
garantiu mais conforto. Passei a fazer atividades físicas para reduzir o
estresse, além de psicoterapia”, conta.
O bruxismo pode surgir em qualquer idade, segundo o
cirurgião-dentista, com maior prevalência dos 25 aos 45 anos. Ele ressalta que
hábitos saudáveis como reduzir o estresse, praticar atividade física, evitar
excesso de cafeína e álcool, ter boa higiene do sono e realizar acompanhamento
odontológico regular, podem ajudar a prevenir o distúrbio. “Não existe
prevenção absoluta...o bruxismo é uma condição crônica, mas pode ser manejado
de forma eficaz, reduzindo sintomas e prevenindo complicações”, observa.
SINTOMAS DO BRUXISMO
- Sinais de desgaste dental
- Dor na mandíbula
- Dor de cabeça ao acordar
- Sensibilidade nos dentes
- Estalos na articulação temporomandibular (ATM)
- Dificuldade para abrir a boca em casos mais severos
ODONTOLOGIA MODERNA OFERECE ALTERNATIVAS PARA SORRISO SAUDÁVEL
Além do bruxismo, outros problemas bucais são associados ao
estresse. Dentre eles estão as inflamações gengivais e falhas em próteses. Para
reverter esses quadros, a odontologia moderna oferece alternativas funcionais e
estéticas.
Silva exemplifica que os implantes dentários substituem
dentes perdidos, recuperando a mastigação e a naturalidade do sorriso. Com
próteses modernas, discretas e funcionais, é possível devolver o conforto e a
autoconfiança ao paciente.
O uso de facetas de porcelana ou resina são recursos para melhorar o aspecto do sorriso em casos de desgaste, manchas ou pequenas fraturas. Além disso, existem os tratamentos estéticos complementares como clareamento e recontorno dental, que alinham estética e saúde.
Para o cirurgião-dentista, cuidar da boca é também cuidar da
mente. “Um sorriso saudável e bonito melhora o bem-estar psicológico, traz
confiança e pode até ser decisivo para relações pessoais e profissionais”,
completa.
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