Política
Além de regulamentar inspeção e registro de agroindústrias, projeto prevê transparência e penalidades

Murilo Rinaldo propõe novo Serviço de Inspeção Municipal em Monte Mor

Com objetivo de aprimorar segurança sanitária dos alimentos, combater a clandestinidade e incentivar o crescimento das agroindústrias locais, proposta do prefeito cria o SIM, e redefine estrutura de fiscalização de produtos na cidade

A fim de modernizar e fortalecer a estrutura de fiscalização sanitária e industrial dos produtos de origem animal e vegetal em Monte Mor, o prefeito Murilo Rinaldo (PP) apresentou projeto de lei que cria o novo Serviço de Inspeção Municipal de Monte Mor (SIM).

A proposta revoga uma lei de 2023 e institui um modelo mais abrangente e integrado às normas federais, visando garantir a qualidade dos alimentos, combater a clandestinidade, assegurar o bem-estar animal e fomentar o desenvolvimento das agroindústrias locais. 

O texto estabelece novas regras para registro, inspeção e comercialização de produtos, define penalidades rigorosas, com multas de até R$ 387,2 mil, institui estruturas administrativas específicas e integra o serviço ao Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (Suasa).

O projeto tem por finalidade regulamentar, de forma ampla e detalhada, a atuação do município no controle da produção, beneficiamento e comercialização de produtos de origem animal e vegetal, assegurando a conformidade sanitária e a proteção da saúde pública.

De acordo com o texto, o Serviço de Inspeção Municipal de Monte Mor será regido pelos princípios da promoção da saúde, da preservação ambiental, do bem-estar animal, da imparcialidade e da isonomia nas ações de fiscalização, além da valorização dos pequenos produtores e da inclusão produtiva. O SIM também promoverá a educação sanitária e o diálogo permanente com o setor produtivo, a sociedade civil e as comunidades científica e técnica.

O projeto cria a Coordenadoria Setorial do Serviço de Inspeção Municipal, subordinada à Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Departamento de Vigilância em Saúde. Entre suas atribuições estão a inspeção e fiscalização dos estabelecimentos que produzam ou comercializem produtos de origem animal e vegetal, a coleta de amostras para análises fiscais, a emissão de autos de infração, a suspensão ou cassação de registros e a realização de ações contra a clandestinidade. A Coordenadoria também será responsável pelo desenvolvimento de programas, bancos de dados e relatórios de produtividade e qualidade.

Será igualmente instituído o Setor de Fiscalização de Produtos de Origem Animal e Vegetal, também vinculado à Secretaria de Saúde, encarregado da gestão administrativa e operacional dos processos de registro, atualização de procedimentos, atendimento ao público e emissão de relatórios gerenciais. Esse setor coordenará o trâmite de processos administrativos e a interlocução com o setor jurídico, garantindo a transparência e o controle das ações do SIM.

O serviço será responsável pela inspeção, fiscalização e registro de agroindústrias e estabelecimentos industriais, rurais e urbanos que manipulem, transformem ou comercializem produtos, em conformidade com a lei federal que regulamenta o Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária.

A estrutura do SIM também permitirá a cooperação técnica com outros municípios, Estado de São Paulo e a União, inclusive por meio de consórcios intermunicipais. O município poderá ainda firmar parcerias com instituições públicas e privadas de pesquisa e extensão para aprimorar as atividades de fiscalização e capacitação técnica.

FASES DE PRODUÇÃO

O texto define que o SIM fiscalizará todas as fases da produção — da matéria-prima ao produto final —, abrangendo agroindústrias, estabelecimentos industriais, propriedades rurais e pontos de beneficiamento. 

Estabelecimentos que manipulem ou processem produtos de origem animal e vegetal deverão obter registro obrigatório junto ao SIM Monte Mor, válido por dois anos e renovável mediante solicitação prévia. Todos os produtos deverão ter rótulos registrados, contendo o selo oficial de inspeção municipal, que servirá como garantia de conformidade sanitária.

A proposta determina que os produtos registrados poderão ser comercializados em todo o território municipal e nas cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC).

INSPEÇÃO

A inspeção e fiscalização abrangerão o abate de animais, o beneficiamento e a industrialização de produtos, as condições higiênico-sanitárias das instalações, o bem-estar animal, o controle da água utilizada, a rotulagem e a rastreabilidade das matérias-primas e produtos. Serão realizados exames laboratoriais, análises tecnológicas e monitoramento de resíduos e contaminantes, assegurando a conformidade com os padrões legais.

QUADRO TÉCNICO

O quadro técnico do SIM será composto por médicos veterinários, engenheiros agrônomos, engenheiros de alimentos e técnicos de nível médio, devidamente habilitados e registrados em seus conselhos profissionais. Esses profissionais exercerão as funções de inspeção, fiscalização e controle de qualidade, sob coordenação de médico veterinário.

INFRAÇÕES

O projeto também disciplina as infrações e penalidades, que incluem advertência, multas que variam de 10 a 10.461 UFESPs (de R$ 370 a R$ 387,2 mil), apreensão e inutilização de produtos, suspensão de atividades, interdição total ou parcial de estabelecimentos e cassação de registro. As penalidades poderão ser agravadas em casos de dolo, má-fé, reincidência ou adulteração de produtos. O descumprimento das normas será apurado em processo administrativo próprio.

Os recursos arrecadados com taxas e multas serão administrados pela Secretaria Municipal de Saúde e destinados preferencialmente ao custeio e investimento nas atividades do SIM.

O projeto ainda determina que as Secretarias de Saúde e Desenvolvimento Econômico atuarão em conjunto para promover ações educativas e de fomento, elaborando materiais informativos e orientações técnicas para facilitar o acesso dos produtores à regularização e incentivar a legalização das agroindústrias locais.

A proposta estabelece prazo de 180 dias após a publicação da lei para regulamentação completa do serviço, por meio de decreto do Executivo, que detalhará as condições de registro, inspeção, classificação dos estabelecimentos, padrões de identidade e qualidade e demais normas operacionais. O secretário municipal de Saúde poderá editar normas complementares, ouvindo os técnicos do SIM.

PRODUTORES DE SUCOS E BEBIDAS ALCOÓLICAS 

O prefeito Murilo Rinaldo (PP) pontuou que Monte Mor registra atualmente número elevado de produtores de sucos de frutas e bebidas alcoólicas, a serem diretamente contemplados pelo projeto. “Os produtos de origem vegetal são representados na prática por produtores de sucos de frutas, bebidas alcoólicas e fermentados acéticos. Há um número grande de produtores destes gêneros de bebidas no município, sendo necessária a presença de um órgão fiscalizador que possa regularizá-los mediante orientação técnica, acompanhamento e a certificação”, explica Murilo.

O prefeito disse que a pasta onde o SIM será alocado está sendo alterada da agricultura para a saúde, uma vez que as questões de fabricação e manipulação de alimentos é um assunto de saúde pública. “O manejo animal está intrínseco em apenas uma fase - a inicial, da produção dos alimentos de origem animal (sendo ainda não obrigatório, uma vez que o produtor pode obter sua matéria prima de origem animal de outros criadores licenciados). Em sua totalidade, a fabricação e a manipulação de alimentos, tanto animal quanto Vegetal, são questões sanitárias de saúde pública porque impactam diretamente na saúde do consumidor. Cabe destacar, ainda, que o presente Projeto de Lei reduz o valor de UFESP atribuídas às taxas de registro, análises e fiscalização. Essa medida foi cuidadosamente avaliada para garantir que o SIM se mantenha financeiramente viável, sem impor ônus excessivo aos pequenos produtores e empreendedores locais. Busca-se, com isso, estimular a formalização e a regularização das agroindústrias e estabelecimentos, promovendo desenvolvimento econômico sustentável aliado à proteção da saúde do consumidor”, afirmou o chefe do Executivo.

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