Política
Câmara de Monte Mor poderá ter novos parlamentares eleitos após retotalização dos votos

Juiz determina recontagem de votos em Monte Mor após fraude na eleição

Anulação de votos do Solidariedade ocorre após Ação de Investigação Judicial Eleitoral movida pelo MP, que denunciou candidatura fictícia na legenda; quocientes eleitoral e partidário serão recalculados e pode haver mudanças na Câmara

Paulo Medina | Tribuna Liberal

A Justiça Eleitoral anulou os votos do partido Solidariedade nas eleições municipais de 2024, em Monte Mor. A sentença, do juiz Gustavo Nardi, da 358ª Zona Eleitoral, reconheceu fraude na cota de gênero ao constatar que a candidata Andréia Aparecida Rodrigues Alves não obteve nenhum voto, nem mesmo o próprio. A decisão determina a retotalização dos votos e a Câmara de Monte Mor poderá ter uma nova configuração política. A legenda, porém, não fez nenhuma cadeira no Legislativo, mas a recontagem de votos implica em um novo quociente partidário e eleitoral, cálculos fundamentais para a distribuição de vagas no Legislativo.

A anulação dos votos decorre de uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral movida pelo Ministério Público Eleitoral, que argumentou que a candidatura fictícia de Andréia caracterizou “burla à cota de gênero”. A legislação exige que pelo menos 30% das candidaturas sejam preenchidas por um dos gêneros, como forma de garantir maior participação feminina na política.

Na decisão, o juiz declarou a inelegibilidade de Andréia e da então presidente do partido, Tamira Nilson Perandre, por um período de oito anos. Além disso, determinou a cassação do Demonstrativo de Regularidade dos Atos Partidários (DRAP) do Solidariedade e a anulação de todos os votos recebidos pelo partido, o que implica na recontagem do quociente eleitoral e partidário.

Com a decisão, a composição da Câmara de Vereadores de Monte Mor poderá ser alterada. Como os votos obtidos pelo Solidariedade foram anulados, a decisão determina a retotalização dos votos válidos, o que pode modificar as cadeiras destinadas aos partidos e candidatos eleitos. O impacto exato dependerá dos novos cálculos a serem realizados após a decisão transitar em julgado, ou seja, quando os recursos forem esgotados na Justiça Eleitoral.

O partido Solidariedade e as candidatas condenadas poderão recorrer da decisão. Em sua defesa, a legenda argumentou que a candidata Andréia desistiu tacitamente da campanha por falta de recursos financeiros e que o partido não recebeu repasses do Fundo Partidário ou do Fundo Especial de Financiamento de Campanha. No entanto, para a Justiça Eleitoral, ficou comprovado que a candidatura serviu apenas para preencher a cota de gênero, sem a realização de campanha efetiva.

Só será possível saber se haverá mudança de eleitos com retotalização, diz TRE-SP

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) informou ao Tribuna Liberal que ainda é possível recurso da decisão ao TRE-SP, portanto, a decisão ainda não produz seus efeitos. “Caso a decisão se confirme em última instância e não couber mais recurso, será feita a retotalização dos votos. Só será possível saber se haverá mudança nos eleitos sendo feita a retotalização”, informou.

O Tribunal disse que as rés e o partido Solidariedade apresentaram o recurso de embargos de declaração que será analisado inicialmente pelo juiz da zona eleitoral do município.

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