Política
Comissão avaliará tecnologias de despoluição e medidas emergenciais; relatório conclusivo será apresentado

Câmara forma comissão e tenta opções para ampliar captação em Americana

Vereadores oficializaram composição de Comissão Especial de Estudos para enfrentar problema de abastecimento que afeta toda cidade; foco será recuperação, preservação e utilização da Represa do Salto Grande como alternativa hídrica

A Câmara de Americana definiu, nesta terça-feira (7), a composição da Comissão Especial de Estudos criada para buscar soluções para os graves problemas no abastecimento de água do município. A proposta é de autoria da vereadora Talitha De Nadai (PDT), que presidirá o colegiado. 

Integram a comissão os vereadores Gutão do Lanche (Agir), Jacira Chavare (Republicanos), Levi Rossi (PRD), Lucas Leoncine (PSD), Marcos Caetano (PL), Professora Juliana (PT) e Renan de Angelo (Podemos), todos como membros. Um projeto de decreto legislativo para oficializar a criação do grupo será discutido e votado na sessão ordinária da próxima terça-feira (14).

O escopo de trabalho da comissão inclui a recuperação, preservação e utilização da Represa do Salto Grande, reservatório estratégico para a região e apontado como eixo central de soluções futuras. Segundo a justificativa da proposta, o manancial possui área total de 783 km² e volume de 5.000 m³. 

O colegiado realizará estudos técnicos, analisará tecnologias de despoluição do corpo hídrico e articulará recursos nos âmbitos estadual e federal para acelerar intervenções. O prazo para entrega do relatório conclusivo é de 180 dias, com recomendações de curto, médio e longo prazos.

A definição da comissão ocorreu em uma sessão que também registrou a aprovação de seis projetos de lei, 27 requerimentos e 16 moções. Além disso, 309 indicações foram incluídas na pauta e serão encaminhadas ao Poder Executivo para análise e eventual atendimento.

Em paralelo aos esforços legislativos, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCE-SP) suspendeu o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) que analisa a concessão do Departamento de Água e Esgoto (DAE). 

No despacho assinado pelo conselheiro Dimas Ramalho, a Corte apontou problemas nos critérios de seleção e possível ausência de parâmetros técnicos capazes de assegurar isonomia entre interessados. O TCE também alertou que o modelo de remuneração do edital pode impactar indiretamente as finanças públicas, ainda que o pagamento dos estudos seja realizado pelo futuro concessionário.

O quadro no TCE contrasta com decisão recente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). No mês passado, a desembargadora Cynthia Thomé, relatora da 2ª Câmara de Direito Público, concedeu efeito suspensivo em agravo da prefeitura e derrubou a liminar que paralisava o PMI 01/2025, liberando a retomada dos trabalhos. 

Na decisão, a relatora avaliou que não ficou configurado risco de dano ao patrimônio público — requisito essencial à suspensão. No recurso, o Executivo destacou que não há desembolso de recursos públicos nesta fase, estimada em R$ 3 milhões, e que a remuneração adicional de 3% da outorga excedente ocorreria apenas se os estudos forem aproveitados em futura licitação. A prefeitura também apontou que 17 grupos manifestaram interesse, o que indicaria ampla concorrência.

Papel da comissão

Diante do impasse e da urgência na regularização do abastecimento, a Comissão Especial de Estudos é vista como instância técnica e política para organizar diagnósticos, apontar soluções e acompanhar a efetividade das medidas — independentemente do desfecho do PMI. 

O relatório final deve priorizar ações para aumentar a disponibilidade hídrica, reduzir perdas, melhorar qualidade da água e garantir transparência de dados operacionais e tarifários, com indicadores de desempenho, fontes de financiamento e um cronograma de execução alinhado às capacidades orçamentárias e às exigências ambientais.

Crise hídrica

O DAE informou que, na manhã desta terça-feira, os reservatórios do município contabilizavam apenas 16 milhões de litros de água. O volume é muito abaixo do ideal, que seria de 36 milhões de litros. Neste cenário, a falta de água tem sido generalizada em diferentes pontos do município, causando intermitência em todas as regiões, especialmente nas áreas mais altas.

A Prefeitura de Americana decretou, no dia 30 de setembro, estado de emergência hídrica, medida que permite a adoção de ações emergenciais como reforço no combate a vazamentos, contratação de caminhões-pipa para atendimento em áreas específicas e intensificação das campanhas de conscientização sobre o uso racional da água.

O DAE reforçou que a estiagem prolongada e a baixa qualidade da água captada do Rio Piracicaba têm prejudicado o processo de tratamento, reduzindo significativamente a oferta de água para abastecimento. A autarquia enviou novamente caminhões-pipa para atender unidades de saúde, escolas e entidades em diferentes bairros da cidade.


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