Política
Mudança busca conter migração de famílias de outras cidades para ‘furar’ fila de quem já mora em Hortolândia

Câmara amplia tempo de moradia para acesso a casa popular em Hortolândia

Projeto do prefeito Zezé Gomes aumenta de 2 para 15 anos prazo mínimo de residência no município e beneficia mais de 11 mil famílias que cumprem novo critério; meta é priorizar moradores mais antigos que aguardam há anos na fila

Os vereadores de Hortolândia aprovaram nesta semana projeto de lei do prefeito Zezé Gomes (Republicanos) que altera a legislação habitacional em vigor desde 2009. A principal mudança é a ampliação do tempo mínimo de moradia exigido para acesso a programas habitacionais de interesse social, que passa de 2 para 15 anos. O assunto foi adiantado pelo Tribuna Liberal em agosto.

A proposta já havia recebido parecer favorável do Conselho Municipal de Habitação, que aprovou o texto. Segundo a Secretaria Municipal de Habitação, mais de 11 mil famílias cadastradas atualmente atendem ao novo critério, muitas delas vivendo em submoradias, áreas de risco ou gastando grande parte da renda com aluguel.

O Executivo afirmou que a alteração corrige distorções do sistema atual, que não diferencia famílias que vivem na cidade há décadas de recém-chegados. Para Zezé Gomes, a mudança também pretende coibir a migração de moradores de outros municípios, que veem em Hortolândia a chance de atendimento mais rápido. “Visando corrigir tal distorção, propõe-se a alteração do critério de tempo de residência para 15 anos, priorizando os cidadãos que aguardam há mais tempo por moradia e promovendo maior justiça social na distribuição das unidades habitacionais”, destacou o prefeito.

De acordo com levantamento histórico, Hortolândia já produziu cerca de 3.800 unidades habitacionais desde os anos 1990, mas ainda enfrenta um déficit superior a 4 mil moradias, conforme diagnóstico do Plano Local de Habitação de Interesse Social (PLHIS) atualizado em 2024. Apesar disso, o município ainda é considerado mais efetivo do que outras cidades da Região Metropolitana de Campinas (RMC), o que aumenta a pressão da demanda regional.

O texto aprovado mantém critérios de prioridade já existentes, como atendimento a famílias em áreas de remoção, em processo de regularização fundiária, com pessoas com deficiência ou inscritas na faixa 1 do programa federal Minha Casa, Minha Vida.

Zezé Gomes lembrou que Hortolândia possui a menor extensão territorial da RMC, o que limita a expansão urbana. “Embora a maioria das cidades do entorno adotem o período de moradia de 10 anos, como Campinas, Sumaré, Valinhos e Paulínia, a elevação em nossa cidade para 15 anos de moradia visa enfrentar um problema que esses municípios não têm, que é essa limitação territorial”, argumentou.

Com cerca de 28 mil famílias inscritas no cadastro habitacional, o Executivo avalia que a ampliação do critério de residência é fundamental para organizar a fila e valorizar os moradores mais antigos.

TRABALHO CONJUNTO

A Câmara informou que a aprovação do projeto é fruto do trabalho conjunto com a prefeitura. “A união de esforços entre os poderes é essencial para que Hortolândia continue avançando. Nossa prioridade é garantir políticas públicas que atendam quem mais precisa, principalmente aqueles que ajudaram a construir a história da cidade”, disse o presidente do Legislativo, Daniel Laranjeira (PSD). 

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