Polícia
Posto na Av. da Amizade, em Sumaré, estaria sendo usado pelo crime organizado em transações ilegais

Oito postos da região seriam ligados a investigados por lavar dinheiro do PCC

Gaeco rastreia ramificações com estabelecimentos de Hortolândia, Sumaré e Americana; apuração aponta suspeitas de lavagem e crimes tributários envolvendo facção, diz MP em operação que mira empresários do setor de combustíveis

Uma teia de negócios que se estende por ao menos oito postos de combustíveis de Hortolândia, Sumaré e Americana vem sendo rastreada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), braço do Ministério Público. 

As investigações apontam que pessoas e empresas ligadas a esses estabelecimentos são suspeitas de integrar um esquema de lavagem de dinheiro e crimes tributários ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital). São dois postos em Sumaré, dois em Hortolândia e quatro em Americana.

O ponto de partida é a operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto, que teve como alvos empresários e companhias do setor de combustíveis e de participações. Os documentos do caso, que é averiguado pela Justiça de Catanduva, têm registros que identificaram a presença de investigados no quadro societário de postos em Hortolândia, Sumaré e Americana.

No topo da estrutura criminosa, segundo o Gaeco, estariam os empresários conhecidos como “Primo” e “Beto Louco”. Ambos são apontados como líderes de um grupo responsável por movimentar recursos do PCC por meio de empresas de fachada e redes de revenda de combustíveis.

Entre os empreendimentos citados, três postos estão ligados à Rede Alpha. Dois deles ficam em Americana: Avenida Carmine Feola e Rua Igaratá. As investigações revelam que uma figura-chave no esquema de lavagem entrou no quadro societário da rede. 

Outro elo da cadeia envolve um proprietário de dois postos — um em Americana, na Avenida da Saudade, e outro em Hortolândia, na Rua Argolino de Moraes. Outro citado nas investigações é sócio de mais dois postos — um na Avenida Anhanguera, em Hortolândia, e outro na Rua Anhanguera, em Americana. 

SUMARÉ

Em Sumaré, um posto na Avenida da Amizade tem como sócio, segundo o Ministério Público, um “laranja” do grupo. Há ainda um posto na Avenida Rebouças, em Sumaré, suspeito de ligação com o grupo.

Em setembro, o Tribuna Liberal mostrou que a maior ofensiva já realizada contra o PCC revelou que a facção criminosa usa o setor de combustíveis para lavar dinheiro em grande escala. Batizada de Operação Carbono Oculto, a ação identificou postos de combustíveis que teriam ligação direta com as investigações, entre eles o Auto Posto Texas, localizado na Avenida da Amizade, em Sumaré.

De acordo com a Receita Federal, a organização criminosa movimentava recursos ilícitos por meio de uma rede que ultrapassa mil postos de combustíveis espalhados pelo país. O dinheiro era recebido em espécie ou através de maquininhas de cartão e depois repassado para contas controladas pelo grupo.

As investigações apontam ainda que em mais de 300 postos investigados foram detectadas fraudes duplas: quantitativas, quando o consumidor recebia menos combustível do que pagava; e qualitativas, quando o produto era adulterado e não atendia às normas técnicas da Agência Nacional do Petróleo.

Operação

A operação Carbono Oculto segue em andamento e deve abrir novas frentes de investigação sobre o uso do setor de combustíveis para movimentar dinheiro ilícito. Para os investigadores, a teia de empresas e participações montada pelos suspeitos permitiu infiltrar o capital do crime organizado em negócios de fachada de aparência legítima, espalhados por todo o Estado.


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