Geral
Total regional de chuvas no primeiro dia da primavera contrasta com o mesmo período de 2024

Primavera começa com chuva violenta de 200 mm nas seis cidades da região

Volume que causou rastros de destruição em Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia, Americana e Monte Mor nesta segunda-feira (22) é equivalente a 200 litros de água por metro quadrado; Paulínia foi a que recebeu maior quantidade

A primavera de 2025 começou de forma abrupta e violenta na região, com um acumulado de 200,1 milímetros de chuva registrado já no primeiro dia da estação em Sumaré, Hortolândia, Nova Odessa, Paulínia, Americana e Monte Mor nesta segunda-feira (22), segundo dados do Centro Integrado de Informações Agrometeorológicas (Ciiagro) levantados pelo Tribuna Liberal.

Segundo os meteorologistas, o volume representa uma quantidade elevada de água para o período e chama a atenção pelo contraste em relação à primavera de 2024, quando o acumulado do mesmo dia foi de apenas 0,25 mm. Na prática, o aumento da chuva chega a 79.940% em apenas um ano.

Entre as cidades monitoradas, Paulínia foi a que apresentou o maior índice, com 53,1 mm, seguida de perto por Hortolândia, com 48,8 mm. Americana (39,1 mm) e Nova Odessa (38,6 mm) também tiveram chuvas volumosas. Monte Mor registrou 18,0 mm, enquanto Sumaré, que ficou com o menor índice, contabilizou 2,5 mm. Somados, os municípios ultrapassaram a marca simbólica de 200 mm em apenas 24 horas, equivalente a 200 litros de água por metro quadrado.

O contraste com o ano anterior é ainda mais marcante. Em 2024, praticamente não houve chuva no início da primavera: Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Paulínia e Nova Odessa não registraram nenhum mm. Somente Americana anotou 0,25 mm, o que resultou em um acumulado regional irrisório.

Especialistas apontam que volumes tão elevados em pouco tempo aumentam significativamente o risco de alagamentos, enxurradas e deslizamentos em áreas vulneráveis. A chuva, embora necessária para elevar o nível dos reservatórios e amenizar períodos de estiagem, quando concentrada em poucas horas, gera danos urbanos e pressiona os sistemas de drenagem na região.

MORADORES EM ALERTA

Moradores da região já se mobilizam diante da previsão do tempo. Em Hortolândia, José Ferreira, de 66 anos, disse que vai evitar sair de carro nos horários de maior instabilidade. “Na segunda-feira vi ruas virarem rios em poucos minutos. Não quero ficar preso em enchente. Se tiver chuva forte, fico em casa”, disse.

Já em Sumaré, a estudante Gabriela Martins, de 22 anos, comentou que está acompanhando as previsões de perto. “A Defesa Civil alertou que os ventos podem ser fortes. Então já estou me programando para não pegar ônibus muito tarde e evitar ficar em pontos descobertos. A gente não sabe quando uma árvore pode cair”, falou.

CEPAGRI PREVÊ DIAS FRIOS, NUBLADOS E COM CHANCE DE CHUVA ATÉ SEXTA-FEIRA NA REGIÃO 

A região deve enfrentar tempo instável e sensação de frio ao longo dos próximos dias, segundo a previsão do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri), da Unicamp. O cenário é marcado por céu nublado, pancadas de chuva e ventos intensos, consequência da frente fria que avançou no início da semana e que continua influenciando o clima local.

Para esta quarta-feira (24), a previsão é de céu parcialmente nublado a nublado, com maior concentração de nuvens devido à convergência de umidade em baixos níveis da atmosfera. A partir da tarde, podem ocorrer pancadas de chuva isoladas, algumas localmente fortes e acompanhadas de raios e rajadas de vento. Apesar da instabilidade, não são esperados temporais tão intensos quanto os registrados na última segunda-feira, quando a região sofreu estragos recordes. As temperaturas variam entre 15°C e 27°C, e os ventos devem soprar de moderados a fortes durante todo o dia.

Hortolândia pode enfrentar mais chuvas nesta semana

Na quinta-feira (25), a entrada de uma massa de ar frio de origem polar deve reforçar a queda das temperaturas. O dia será de céu parcialmente nublado a nublado, com termômetros marcando entre 14°C e 21°C. A intensidade dos ventos tende a aumentar, sustentados ao longo do dia, o que acentua a sensação térmica de frio. A umidade trazida do oceano mantém a nebulosidade alta, e embora a probabilidade seja baixa, há chance de chuvas fracas e isoladas em alguns pontos da região.

Já na sexta-feira (26), o clima começa a dar sinais de melhora, com predomínio de sol entre algumas nuvens. As temperaturas devem oscilar entre 12°C e 23°C, ainda com ventos fortes em alguns períodos, o que pode manter a sensação de frio. A tendência para o fim de semana é de tempo firme, com ventos fracos durante o dia e moderados à noite, além de maior amplitude térmica: mínimas próximas de 12°C e máximas em elevação, podendo alcançar entre 26°C e 28°C.

Com isso, o Cepagri alerta para dias de atenção até a sexta-feira, principalmente por conta da persistência dos ventos fortes e da possibilidade de pancadas de chuva localizadas. A expectativa é de que o clima comece a se estabilizar apenas a partir do sábado.

REGIÃO SOFRE ESTRAGOS RECORDES EM DIA DE TEMPORAL E FORTES VENTOS 

A segunda-feira (22) ficou marcada por um dos temporais mais violentos já registrados na região, deixando um rastro de destruição em diversas cidades. Com rajadas de vento que ultrapassaram os 70 km/h, segundo o Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura (Cepagri) da Unicamp, a tempestade provocou estragos generalizados: árvores foram derrubadas, casas destelhadas, estruturas metálicas arrancadas, fornecimento de energia interrompido e vias tomadas por alagamentos.

Em Nova Odessa, a situação foi crítica na Rua dos Ipês, no Jardim Alvorada, bloqueada pela queda de árvores, enquanto uma residência teve o telhado parcialmente arrancado. Uma moradora relatou nunca ter visto destruição semelhante no bairro. Na Rua Pau-Brasil, um poste de energia elétrica foi partido ao meio e placas metálicas acabaram arremessadas para dentro de casas, ampliando o clima de apreensão.

Em Hortolândia, o Paço Municipal teve uma ala alagada, com pessoas dentro do prédio no momento do incidente. A correnteza formada em trecho próximo ao Parque Socioambiental Irmã Dorothy Stang chegou a arrastar um carro.

Em Paulínia, a ventania deixou o Paço Municipal e boa parte da cidade sem energia elétrica, comprometendo também o abastecimento de água. Árvores e postes tombaram em diferentes pontos.

Estrutura metálica foi arrancada de imóvel com a força do vento em Paulínia 

Em Monte Mor, a Defesa Civil contabilizou pelo menos 23 quedas de árvores em várias regiões, entre elas a Rua Roberto Gonçalves Teixeira, no Centro, onde um tronco de grande porte atingiu dois veículos estacionados. Também houve ocorrências no Jardim Panorama e no Jardim Bela Vista, onde seis placas de outdoor foram derrubadas. Diversos prédios públicos sofreram destelhamentos.

Em Sumaré, a Avenida Rebouças foi bloqueada pela queda de uma árvore em frente a um supermercado, dificultando o tráfego. O Posto de Atendimento ao Trabalhador (PAT) foi interditado por danos estruturais e ficou fechado nesta terça-feira (23) para reorganização. A UPA do Macarenko registrou alagamento.

Em Americana, a tempestade provocou uma sequência de ocorrências graves. O muro de um condomínio na região da Praia dos Namorados desabou, enquanto um veículo foi atingido por uma árvore na Chácara Machadinho. Alagamentos bloquearam importantes vias, como a Bandeirantes, Abdo Najar e Dom Pedro II. A ventania ainda atingiu o Circo Moscou, montado no estacionamento da FIDAM, e derrubou parte da lona. Estruturas de imóveis foram danificadas, unidades de saúde comprometidas e o hospital psiquiátrico Seara, no Jardim Brasil, ficou destruído, exigindo a evacuação de cerca de 30 pacientes.

Em todas as cidades, equipes das prefeituras e da Defesa Civil foram mobilizadas para desobstruir vias, remover árvores e restabelecer serviços. 

PRIMAVERA 2025

Precipitação acumulada (mm)

Sumaré

2,5 mm

Hortolândia

48,8 mm

Monte Mor

18,0 mm

Nova Odessa

38,6 mm

Paulínia

53,1 mm

Americana

39,1 mm

Total regional: 200,1 mm


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