Passageiros relatam goteira e atrasos em ônibus entre Sumaré e Campinas
Usuários da linha 636 denunciaram más condições,
superlotação e longos intervalos entre viagens; problemas incluem vazamentos no
teto e atrasos frequentes no transporte intermunicipal; outra linha também gera
transtornos a morador
Um flagrante registrado por uma passageira na manhã desta
terça-feira (28) voltou a acender o alerta sobre a precariedade do transporte intermunicipal
entre Sumaré e Campinas. A gravação mostra o interior de um ônibus da linha
636, que liga Sumaré à metrópole, onde uma mulher, sentada, segura um
guarda-chuva aberto para se proteger de uma goteira que cai diretamente sobre
seu assento.
O registro, feito por volta das 6h20, mostra também o coletivo superlotado e passageiros tentando se acomodar nos corredores. Segundo usuários, situações como essa são comuns nas linhas intermunicipais. Além da infiltração, usuários denunciaram a falta de regularidade nos horários, especialmente à tarde, quando o intervalo entre os veículos pode ultrapassar 40 minutos.
Mulher segura guarda-chuva
aberto para se proteger de goteira que cai sobre seu assento
As queixas não se limitam à linha 636. Passageiros da linha
638, que também liga Sumaré a Campinas, já relataram problemas recorrentes de
manutenção e atrasos. O advogado André Alexandre, por exemplo, usuário
frequente do trajeto, diz que o serviço “beira o abandono”. “Só neste ano, o
ônibus quebrou três vezes em viagens minhas. É descaso com quem trabalha e
precisa chegar no horário”, contou.
Segundo André, os intervalos no fim da tarde são críticos.
“Se você perde o das 17h35, só tem outro depois de mais de uma hora — e ainda
corre o risco de ele não passar. Já fiquei quase duas horas esperando no
ponto”, disse.
Entre atrasos, vazamentos e superlotação, o sentimento é de
abandono entre os trabalhadores que dependem do transporte para se deslocar
diariamente. “De vez em quando pego ônibus dessas duas linhas e sempre estão
muito cheios, parece que não são cuidados direito”, disse uma moradora que se
identificou como Maria.
As linhas eram operadas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), mas o governo do Estado extinguiu a empresa e a Artesp (Agência de Transportes do Estado de São Paulo) é a nova responsável pelos serviços.
QUESTIONAMENTO
Recentemente, a deputada estadual Ana Perugini (PT),
vice-presidente da Comissão de Assuntos Metropolitanos e Municipais da
Assembleia Legislativa de São Paulo, questionou o governo do Estado sobre a
estrutura de gestão do transporte metropolitano, após a extinção da EMTU.
“Sempre que tínhamos qualquer transtorno em relação a passe
de estudantes, superlotação [de ônibus] e ausência de linhas na região de
Campinas, por exemplo, nos socorríamos na EMTU. Agora, a empresa foi
incorporada pela Artesp, que, além da função fiscalizadora, também é gestora. E
hoje há uma mistura não muito clara de quem vai fazer a gestão do quê”,
afirmou.
A deputada sugeriu que o presidente da Artesp, André Isper
Rodrigues Barnabé, seja convidado para prestar esclarecimentos à comissão.
ARTESP AFIRMA QUE VAI FISCALIZAR LINHAS ALVO DE RECLAMAÇÕES EM SUMARÉ
A Artesp (Agência de Transporte do Estado de São Paulo) informou que irá fiscalizar as linhas de ônibus que operam na região em cumprimento às obrigações contratuais das concessionárias e permissionárias do transporte intermunicipal.
Segundo a agência, o objetivo é garantir que os serviços sejam ofertados de acordo com as regras estabelecidas, assegurando atendimento à população usuária. “A Artesp, enquanto agência reguladora, vai fiscalizar essas linhas para garantir o cumprimento contratual e o atendimento ao cidadão”, disse.

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