Médica e amante vão a júri acusados de matar cidadão sueco em Nova Odessa
Justiça leva a julgamento médica de Americana denunciada por
tramar homicídio do marido da Suécia; corpo da vítima foi encontrado em
represa, amarrado a motores e apresentava perfurações por faca e pancada na
cabeça
A 1ª Vara Judicial de Nova Odessa decidiu mandar uma médica
e seu amante a júri popular. Eles são acusados de assassinar o cidadão sueco
Raoul Gerhard Josef Holmlund, marido da acusada, e de ocultar o cadáver dele. A
decisão do juiz Luiz Gustavo Primon ainda manteve os réus em prisão preventiva.
O caso ganhou repercussão em maio de 2024, quando pescadores
localizaram um corpo em uma represa da cidade. O cadáver estava submerso,
amarrado a três motores e a uma rede, o que dificultou a identificação inicial.
Peritos constataram três perfurações por faca e uma pancada na cabeça,
confirmando a morte violenta.
Apenas meses depois, com auxílio da Polícia Federal, foi
confirmado tratar-se de Raoul, sueco que residia no Brasil ao lado da esposa.
Segundo os autos, a motivação do crime teria sido financeira.
Testemunhas relataram que a mulher buscava se beneficiar de valores do
exterior, além de manter movimentações bancárias em nome da vítima mesmo após
sua morte. Ela chegou a entrar em contato com instituições suecas tentando
alterar cadastros de Raoul para receber pensões.
A Polícia Civil reuniu provas. Bobinas semelhantes às usadas para afundar o corpo foram apreendidas na oficina do namorado da mulher. Celulares e pertences de Raoul foram encontrados em poder da acusada. Conversas e áudios recuperados revelaram a premeditação do homicídio, incluindo instruções sobre a execução. Mensagens mostraram que a médica chamava a vítima de “capivara”. O cidadão sueco morava com a médica em Americana.
RELAÇÕES PARALELAS
As investigações apontam que a médica manteve uma relação
extraconjugal com o réu ainda durante o casamento. Após a morte de Raoul,
envolveu-se também com outro homem, a quem teria pedido que matasse tanto o
namorado quanto seu próprio pai. Os depoimentos revelam, segundo a polícia,
perfil manipulador e calculista.
O magistrado entendeu haver provas da materialidade do crime e indícios suficientes de autoria, razão pela qual ambos foram levados ao júri. A acusação inclui homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver.
“Os indícios de autoria em relação ao crime contra a vida
estão presentes, conforme depoimentos das testemunhas ouvidas em juízo, bem
como devidamente demonstrada a materialidade. Cumpre ao Conselho de Sentença,
em sua soberania, decidir sobre a condenação dos réus”, afirmou o juiz, que
manteve todas as qualificadoras apresentadas pelo Ministério Público.
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