Justiça condena EMTU a indenizar empresa por obra travada em Sumaré
Consórcio responsável pelas obras do Corredor Metropolitano
Vereador Bileo Soares, que liga as cidades da região, deverá ter prejuízo
reposto, segundo magistrada; decisão reconhece que estatal foi responsável por
atrasos na liberação de licenças
Sumaré está no centro de uma disputa judicial milionária
envolvendo o governo estadual e o consórcio contratado para executar parte das
obras do Corredor Metropolitano Vereador Bileo Soares, que liga as cidades da
região. A Justiça acabou de condenar a Empresa Metropolitana de Transportes
Urbanos (EMTU) a pagar R$ 9,6 milhões em indenização por danos materiais ao
consórcio e declarou a rescisão parcial do contrato administrativo, datado de
2018. A decisão é da juíza Nandra Martins da Silva Machado, da 5ª Vara da
Fazenda Pública da Capital.
De acordo com a decisão, o caso se refere especificamente à
“Parada 2” do corredor, em Sumaré, cujas obras não avançaram devido à ausência
de licenças ambientais e à demora em autorizações da concessionária
ferroviária, além da necessidade de supressão de árvores nativas.
Segundo o laudo pericial anexado aos autos, as empresas
mobilizaram mão de obra, equipamentos e materiais, mas permaneceram em estado
de prontidão por período superior ao previsto em edital, gerando “custos extras
significativos”. O relatório apontou que tais gastos comprometeram a equação
econômico-financeira do contrato e deveriam ser compensados pela EMTU.
“No caso em apreço, tais custos foram majorados pela
obrigatoriedade de mobilização e estado de prontidão da equipe executora por
longo período, maior até que o prazo total inicial estabelecido pelo
contratante EMTU, quando da emissão do Edital de Concorrência para a execução
do contrato referente à obra ‘Corredor Metropolitano Vereador Bileo Soares –
Obras Complementares – Trecho Campinas a Sumaré e RMC’”, diz a juíza.
Para a magistrada, a demora em liberar áreas e autorizações
configurou “falha determinante”. A sentença aponta a responsabilização da
estatal. “A inexecução parcial do contrato administrativo, em relação à frente
de serviço da Parada 2, deu-se por culpa da requerida, de modo que a parte
autora tem direito à rescisão parcial do contrato”, escreveu a juíza.
Ao fixar a indenização, a Justiça justificou que o
desequilíbrio financeiro foi comprovado. “O valor a ser pago para fins
indenizatórios foi especificado nos trabalhos periciais, devendo servir de
parâmetro para a fixação da condenação, qual seja, R$ 9.638.462,49, com
data-base de setembro de 2024”, afirma.
A juíza também destacou que a administração pública não pode
transferir ao contratado responsabilidades que dependem de terceiros. “Ainda
que coubesse à parte autora a obtenção das licenças devidas para a execução das
obras, a expedição não dependeria apenas de sua exclusiva vontade, mas também
da anuência de órgãos e concessionárias”, registrou.
O Corredor Metropolitano Vereador Bileo Soares foi uma das
principais obras de mobilidade da Região Metropolitana de Campinas (RMC),
conectando cidades como Santa Bárbara d’Oeste, Americana, Nova Odessa,
Hortolândia e teria seu traçado em Sumaré. A EMTU ainda pode recorrer da
decisão.
TRECHOS FORAM ALTERADOS E LIGAÇÃO DIRETA ENTRE SUMARÉ E
HORTOLÂNDIA EMPERROU
O projeto de prolongamento da Avenida Rebouças, em Sumaré,
até a Avenida Olívio Franceschini, em Hortolândia, não avançou. A obra,
prevista no Plano Viário de Sumaré, tem potencial de aliviar o tráfego entre as
duas cidades e oferecer uma alternativa segura à atual rota pela Estrada
Municipal Teodor Condiev. A via é estreita, tem curvas perigosas, falta
iluminação e há histórico de acidentes fatais.
A Prefeitura de Sumaré já afirmou que a interligação entre
as cidades está nos planos do município, mas que a execução esbarra em uma
série de exigências técnicas e ambientais. O município também lembrou que,
durante a implantação do Corredor Metropolitano, a conexão chegou a ser
sugerida como uma alternativa viária regional, mas foi descartada pela gestão
anterior.
Obra aliviaria tráfego e ofereceria alternativa segura à atual rota pela Estrada Teodor Condiev
À época da implantação do Corredor Metropolitano foi
sugerida a conexão entre a Avenida Rebouças e a Avenida Olívio Franceschini
como alternativa viária regional. “Naquele momento, Sumaré optou por não fazer
parte do Corredor Metropolitano, decisão da gestão anterior. Para que o
prolongamento da via se concretize, é necessário atravessar o Horto Florestal,
o que exige, além dos estudos ambientais rigorosos, tratativas junto ao Governo
Federal. Também há interferências significativas no traçado, como a
transposição de uma linha férrea e duas travessias estruturais”, informou o
município.
A Prefeitura de Hortolândia já disse ter feito sua parte e
que todo o trecho do projeto do Corredor Metropolitano passando pela Avenida
Olívio Franceschini até a divisa com Sumaré está concluído. “O trecho seguinte,
em que há um córrego, fica em Sumaré. Anteriormente, o projeto do Corredor Metropolitano
previa uma conexão passando pela Região Central de Hortolândia, neste trecho
que liga a Avenida Thereza Ana Cecon Breda à Avenida Sumaré, mas ele foi
alterado”.

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