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Fábrica ilegal em Americana: episódio expôs urgência de reforçar segurança no setor de bebidas do Estado

Apreensão de bebidas em Americana acende alerta no Estado contra metanol

Com fábrica clandestina interditada no município, governo estadual contabiliza casos confirmados de intoxicação e amplia fiscalização; gabinete de crise atua em conjunto com Saúde, polícia e Procon; mais casos estão sob investigação

A descoberta de uma fábrica clandestina na terça-feira (30) em Americana, onde foram apreendidas 17,7 mil garrafas de bebidas adulteradas com indícios de falsificação, trouxe reflexos imediatos para todo o Estado de São Paulo, que enfrenta um crescente alerta contra intoxicações por metanol. O caso integra uma série de operações realizadas pelo gabinete de crise instaurado pelo Governo do Estado, após a confirmação de ao menos 10 casos de contaminação, incluindo óbito no Estado.

A ação em Americana se soma a outras fiscalizações que interditaram estabelecimentos na capital e na Grande São Paulo, entre eles bares nos bairros Bela Vista, Itaim Bibi, Jardins e Mooca, além de pontos em São Bernardo do Campo e Barueri. Só nesta semana, mais de mil garrafas foram apreendidas em diferentes cidades, além de um lote de 128 mil garrafas lacrado em Barueri por falta de documentação. Desde o início do ano, o Estado já contabiliza mais de 50 mil garrafas recolhidas em operações policiais.

Segundo o diretor do Centro de Vigilância Sanitária do Estado, Manoel Lara, a intensificação da fiscalização ocorreu a partir de notificações enviadas pelo sistema de saúde com base nos locais frequentados por pacientes contaminados. “As ações, do ponto de vista da Vigilância Sanitária, foram intensificadas quando tivemos comprovações dos casos e dos endereços onde a pessoa supostamente consumiu. A partir disso, direcionamos as nossas ações”, explicou.

Além da interdição de estabelecimentos, o governo estadual instaurou cinco inquéritos policiais e envolveu três departamentos da Polícia Civil, com 22 prisões registradas em 2025 relacionadas ao crime de adulteração e comercialização irregular de bebidas alcoólicas. A Secretaria da Fazenda também suspendeu a inscrição estadual de distribuidoras investigadas.

A Secretaria de Estado da Saúde reforçou que a intoxicação por metanol é grave e pode levar à cegueira permanente ou até à morte. Os principais sintomas incluem dor abdominal intensa, tontura, confusão mental, náuseas, visão turva e convulsões. O atendimento médico deve ser procurado imediatamente, já que o socorro nas primeiras seis horas é fundamental para evitar o agravamento.

O Estado dispõe de três laboratórios — em Campinas, Botucatu e Ribeirão Preto — capazes de emitir resultados de exames de sangue e urina em até uma hora, o que permite agilizar diagnósticos e salvar vidas. Para orientar profissionais de saúde, o governo também mantém Centros de Assistência Toxicológica (CiaTox) em funcionamento.

As autoridades estaduais orientam ainda que consumidores denunciem qualquer suspeita de adulteração pelo Disque Denúncia 181, pelo site da Polícia Civil ou nos canais do Procon, que criou um atalho especial em sua página para os casos de bebidas.

Em Americana, as investigações seguem em andamento para rastrear fornecedores e pessoas ligadas à fábrica clandestina.

Vigilância Sanitária de Americana apreendeu 600 litros de bebidas em blitz

A Vigilância Sanitária de Americana, com o apoio da Polícia Civil, apreendeu nesta semana 600 litros de bebidas durante uma blitz em um estabelecimento no Jardim Nossa Senhora de Fátima. A ação é resultado da intensificação das ações realizadas pela Prefeitura de Americana, por meio da Unidade de Vigilância em Saúde (Uvisa), para fiscalização em bares, adegas e outros locais que comercializam bebidas alcoólicas.

Entre os produtos apreendidos estavam cerveja, suco, energético e cachaça com prazo de validade vencido, além de uma quantidade de salame sem identificação do fabricante.

As ações de fiscalização também verificam a validade do Certificado de Licenciamento Integrado, que garante o funcionamento regular dos estabelecimentos. Os fiscais conferem ainda se os produtos possuem rótulos de identificação com informações sobre o fabricante e registros nos órgãos competentes, além da conformidade entre o estoque e as notas fiscais apresentadas.

“A intensificação das fiscalizações é uma medida essencial para proteger a saúde da população. Nosso compromisso é garantir que os consumidores tenham segurança ao adquirir produtos, evitando riscos como o consumo de bebidas adulteradas ou vencidas. Essa ação conjunta reforça a seriedade com que tratamos a saúde pública em Americana”, declarou o secretário de Saúde, Danilo Carvalho Oliveira.

“Essas operações demonstram o cuidado da Vigilância Sanitária em verificar a procedência e a qualidade dos produtos oferecidos aos consumidores. Encontrar irregularidades como prazo de validade vencido e ausência de identificação do fabricante mostra a importância da fiscalização constante. Além disso, orientamos a população a sempre denunciar situações suspeitas, para que possamos agir rapidamente e prevenir riscos à saúde”, afirmou o diretor da Uvisa, Antônio Donizetti Borges.

Reforço na orientação

A Vigilância Sanitária esclarece que os estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas recebem fiscalizações de rotina ou sempre que há necessidade de averiguação por denúncias. O setor reforça a importância de adquirir bebidas apenas em locais regularizados, para garantir a segurança e a saúde dos consumidores.

As operações têm se intensificado após registros recentes de intoxicação por metanol no Estado, ocasionada pelo consumo de bebidas adulteradas. O Estado contabiliza ao menos cinco óbitos por suspeita de intoxicação: quatro casos seguem em investigação (três na capital e um em São Bernardo do Campo) e um foi confirmado na capital, segundo a Secretaria Estadual da Saúde.

A prefeitura orienta a população a denunciar irregularidades por meio do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), pelo telefone (19) 3475-9024 ou no site www.americana.sp.gov.br, especialmente em casos de suspeita de comércio irregular ou venda de bebidas alcoólicas com preços muito abaixo do mercado.

“Nosso trabalho é garantir que somente produtos seguros cheguem até o consumidor. Quando encontramos situações como bebidas vencidas ou sem identificação, estamos diante de riscos reais à saúde. A atuação da nossa equipe, em parceria com outros órgãos, busca não apenas retirar esses produtos de circulação, mas também conscientizar os comerciantes sobre a responsabilidade que têm em oferecer mercadorias dentro das normas sanitárias”, concluiu a coordenadora da Vigilância Sanitária, Eliane Ferreira.  

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