Água colorida e fatura mais cara geram questionamentos à Sabesp em Paulínia
Reclamações de moradores sobre coloração da água e aumentos
abusivos nas contas mobilizaram 17 vereadores da cidade; relatos apontam que
famílias que pagavam R$ 100 receberam cobranças superiores a R$ 500 sem
explicações
A Sabesp, companhia estadual de saneamento básico recentemente
privatizada, está no centro de uma crise em Paulínia após uma série de
denúncias de moradores sobre problemas no fornecimento de água e aumentos considerados
abusivos nas faturas. As reclamações mais recorrentes dizem respeito à
coloração anormal da água, registrada entre os dias 3 e 7 de setembro, e a
cobranças que chegaram a subir até 400% em comparação às faturas anteriores.
Segundo informações apuradas pelo Tribuna Liberal, no bairro
Marieta Dian, por exemplo, famílias que pagavam em média R$ 100 mensais
relataram contas superiores a R$ 500 sem explicação técnica adequada.
Em meio à revolta de moradores, a Câmara Municipal questiona
a Sabesp a explicar as situações. O requerimento, de autoria do vereador
Tiguila Paes (Cidadania), que teve assinatura de todos os parlamentares, pede
que a Sabesp apresente um relatório técnico detalhado, com as causas da
alteração na qualidade da água, os procedimentos corretivos adotados e as
medidas preventivas para evitar novas ocorrências. Além disso, os parlamentares
exigem a revisão das faturas e o ressarcimento integral dos consumidores que
foram cobrados indevidamente.
O documento também cita denúncias de moradores que se
sentiram desrespeitados durante atendimentos presenciais. Em um dos casos,
relatado em 5 de setembro, um consumidor teria sido informado de que nada
poderia ser feito no momento e que deveria aguardar 10 dias por uma resposta —
mesmo após apresentar água com coloração imprópria retirada da torneira. A negativa
de contato com superiores da empresa e a orientação para consumir a água mesmo em
condições visivelmente inadequadas foram classificadas como “conduta grave”
pelos vereadores.
Outro ponto levantado é a prática de cortes indevidos no
fornecimento de água, em contas com menos de 30 dias de vencimento, o que
contraria normas vigentes. Para os parlamentares, tais atitudes comprometem a
confiança da população e representam potenciais riscos à saúde.
RECLAMAÇÕES NA REGIÃO
Em Hortolândia, a Comissão de Assuntos Metropolitanos e
Municipais da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) estará na
segunda-feira (22) nas instalações da Sabesp, para verificar denúncias de
falhas no abastecimento, água de má qualidade e mau cheiro exalado pela Estação
de Tratamento de Esgoto (ETE).
Depois de reportagem do Tribuna Liberal retratando o
buzinaço de moradores revoltados com o mau cheiro proveniente da ETE, a
Secretaria Estadual de Meio Ambiente informou que a Unidade Regional de Abastecimento
de Água Potável e Esgotamento Sanitário – URAE 1 Sudeste, que monitora o
cumprimento do contrato de concessão da Sabesp, acompanha de perto o avanço das
obras de modernização na ETE.
Tais obras, segundo o Estado, alcançaram 60% de conclusão.
Estão sendo investidos pela Sabesp um total de R$ 28 milhões na solução do
problema de emissão de odores. Em Monte Mor, o escritório da Sabesp voltou a
ser palco de confusão na quarta-feira (17), em meio a críticas de moradores
sobre o sistema de atendimento.
De acordo com relatos, cerca de dez pessoas se reuniram no local e houve até tentativa de agressão durante a espera. A situação também já chegou ao Ministério Público. O vereador Professor Adriel (PDT) relatou que protocolou denúncia contra a forma de atendimento do escritório terceirizado da Sabesp. Segundo ele, a obrigatoriedade de agendamento exclusivamente online prejudica moradores em situação de vulnerabilidade ou que têm dificuldades no uso de tecnologias. A empresa informou que não tem nenhum registro de tumulto ou agressão na agência local.
OUTRO LADO
A Sabesp informou que a água que fornece à população segue
todos os padrões de potabilidade e monitora todas as etapas do sistema de
abastecimento para garantir a qualidade da água distribuída, desde o manancial,
passando pelas estações de tratamento e sistema de distribuição, até o cavalete
na entrada do imóvel. Para isso, realiza mais de 170 mil análises por mês, de
acordo com os parâmetros definidos pelo Ministério da Saúde.
“No início deste mês, a Companhia identificou uma alteração
pontual na água e, imediatamente, promoveu ajustes no processo de tratamento, o
que garantiu que a água fornecida continuasse dentro dos padrões de
potabilidade exigidos”.
“A Companhia destaca ainda que as tarifas caíram com a
desestatização: houve redução de 10% nas tarifas social e vulnerável, de 1% nas
residenciais e de 0,5% nas demais categorias. Além disso, a Sabesp ampliou significativamente
o acesso à tarifa social. O número de famílias atendidas passou de 991 mil, em
julho de 2024, para mais de 1,8 milhão em agosto de 2025”.

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