Economia
Fechamento de mais de 100 lojas no Centro de Sumaré acendeu alerta no comércio local

Especialista indica caminhos para retomada do Centro de Sumaré, que registra ao menos 102 lojas fechadas

Número de imóveis fechados é realidade, mas queda dos juros, força regional e comércio híbrido indicam potencial de recuperação para cidade; futuro do comércio passa pela adaptação do mercado imobiliário e integração com o digital

Sumaré contabiliza 102 imóveis comerciais fechados na região central, um número que preocupa empresários e moradores. O levantamento foi feito em outubro pelo Tribuna Liberal. A vacância, visível nas placas de “aluga-se” espalhadas pelas principais ruas do Centro da cidade, é reflexo de um ciclo de retração econômica que afetou o setor de forma direta nos últimos anos. No entanto, especialista afirma que crises como essa são cíclicas e sempre sucedidas por períodos de recuperação.

“Toda crise passa”, destaca o corretor de imóveis Jhonatan Oliveira, com 15 anos de atuação no mercado local. “Estamos atravessando um momento de transição. Com a possível queda dos juros e uma maior flexibilização nos valores dos aluguéis, esses imóveis logo estarão ocupados novamente”, projeta.

Um dos fatores que traz mais otimismo é a expectativa de redução da taxa básica de juros (Selic) em 2026, apontada por economistas como uma das ferramentas para estimular a atividade econômica. Com crédito mais acessível, aumenta a probabilidade de surgirem novos empreendedores, que podem ver em Sumaré uma oportunidade de investimento — especialmente diante da disponibilidade de imóveis em área estratégica da cidade.

Além disso, há um movimento crescente de renegociação e adaptação no mercado de aluguéis comerciais. Proprietários, antes inflexíveis quanto a valores e prazos, agora passam a entender que imóveis vazios significam prejuízo. A busca por acordos mais realistas tende a abrir novas portas para pequenos e médios empresários, segundo avaliação do corretor feita ao Tribuna Liberal

Enquanto o e-commerce segue em expansão, o comércio físico ainda tem papel fundamental, sobretudo em cidades como Sumaré, disse ele. A tendência, segundo o especialista, é a adoção de modelos híbridos, que combinem atendimento presencial com plataformas digitais, oferecendo ao consumidor uma experiência mais completa. “Essa transição pode ser crucial para a revitalização das áreas comerciais da cidade. Lojas que unam vitrines físicas com presença online tendem a se destacar, criando uma nova dinâmica para o comércio local”, disse.

Outro ponto destacado é a localização estratégica de Sumaré. A cidade faz parte da Região Metropolitana de Campinas, uma das mais desenvolvidas do país, com forte presença industrial, acesso facilitado a rodovias como Anhanguera e Bandeirantes, além de proximidade com centros logísticos e o Aeroporto Internacional de Viracopos.

“Essa posição privilegiada é vista como um trunfo para atrair investimentos, inclusive de redes varejistas, franquias e empresas que queiram se expandir para o interior paulista. Sumaré está no coração de uma das regiões mais fortes e pujantes do Brasil”, reforça Jhonatan Oliveira. “Isso garante que a cidade vai se reerguer. Vamos superar tudo isso”, projeta.

“Se o presente ainda mostra placas de ‘aluga-se’, o futuro promete novas vitrines e mais geração de empregos”, afirma Jhonatan. “Com uma população consumidora diversificada, mão de obra qualificada e imóveis em localização privilegiada, Sumaré tem todos os ingredientes para recuperar sua força comercial”, pontua.

Para Jhonatan, a recuperação do Centro de Sumaré não será automática, mas os caminhos para isso estão se formando: juros mais baixos, renegociação de aluguéis, novos modelos de negócios e o fortalecimento da integração física-digital. Para ele, o segredo está na capacidade de adaptação — tanto de lojistas quanto de proprietários e investidores.

ACIAS

A Associação Comercial, Industrial e Agropecuária de Sumaré (ACIAS) avalia que o esvaziamento de lojas em áreas comerciais da cidade reflete um fenômeno regional. Para enfrentar esse cenário, a nova gestão da entidade ampliou ações de educação empresarial voltadas ao varejo físico. Segundo a ACIAS, estão sendo ofertados cursos, palestras e treinamentos gratuitos para aprimorar a gestão e o atendimento.

No campo urbano, a ACIAS afirma acompanhar de perto o projeto da Prefeitura de Sumaré que prevê a revitalização da região central. A entidade relata que tem apresentado sugestões e discutido soluções para preservar o Centro, incluindo incentivos a proprietários de imóveis para obras de manutenção e melhoria dos prédios, além de estratégias ligadas à segurança.

PODER PÚBLICO

A Prefeitura de Sumaré informou que estão em andamento os estudos técnicos e a elaboração do projeto de requalificação da Avenida Sete de Setembro, uma das principais vias da região central. O objetivo é valorizar o comércio local, ampliar a mobilidade e aumentar a segurança e o conforto de pedestres e motoristas. Como primeira ação, a Administração Municipal realizou a retirada da Zona Azul.


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