Coluna Nutrição Além do Prato
Manteiga ou margarina: o que realmente faz diferença para a
sua saúde
Poucos temas geram tanta polêmica nas conversas sobre
alimentação quanto a escolha entre manteiga e margarina. Ambas têm o mesmo uso
principal, passar no pão, dar sabor às preparações e participar de receitas,
mas suas composições e os efeitos sobre a saúde são bem diferentes.
Nos últimos anos, a manteiga voltou a ser valorizada e vista
como uma opção mais natural, enquanto a margarina ganhou fama de vilã. Muitas
pessoas acreditam até que há plástico na sua composição, o que, claro, não é
verdade. Essa confusão vem do fato de a margarina ser um produto
industrializado, feito a partir de óleos vegetais que passam por processos para
adquirir a textura cremosa semelhante à da manteiga.
A diferença fundamental entre as duas está no tipo de
gordura. A manteiga, de origem animal, é rica em gordura saturada, que em
excesso pode elevar o colesterol LDL (considerado o “ruim”) e aumentar o risco
cardiovascular. Já a margarina é feita com óleos vegetais, naturalmente ricos
em gorduras insaturadas, consideradas benéficas para o coração.
O problema é que, por muitos anos, a produção de margarinas envolvia a hidrogenação parcial de óleos vegetais, processo que gerava gorduras trans, comprovadamente prejudiciais ao colesterol e à saúde cardiovascular. Hoje, esse cenário mudou.
Desde 2023, o uso de gorduras parcialmente
hidrogenadas foi proibido no Brasil, e as margarinas modernas utilizam
processos alternativos, como a interesterificação, que permitem obter textura
firme sem gerar gorduras trans. Além disso, algumas versões são enriquecidas
com fitosteróis, compostos de origem vegetal que ajudam a reduzir a absorção de
colesterol no intestino.
Em resumo, a manteiga tem origem natural, mas contém gordura
saturada e deve ser usada com moderação. A margarina é industrial, mas as
versões atuais podem conter gorduras insaturadas e fitosteróis, sendo uma opção
interessante se escolhida com critério.
No fim, não existe vilã nem heroína. O que define o impacto
de cada uma na saúde é a qualidade da dieta como um todo, a quantidade e a
frequência de consumo. Um pouco de manteiga pode caber muito bem em uma
alimentação equilibrada, assim como uma margarina sem gordura trans e com
poucos aditivos também pode ter seu espaço.
O mais importante é entender o que se está escolhendo e lembrar que informação de e acompanhamento são sempre os melhores temperos.
Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva,
formada pela UNICAMP (Universidade de Campinas) e com pós-graduação pela USP
(Universidade de São Paulo). Atua com foco na promoção da saúde e qualidade de
vida, melhora da composição corporal e da performance esportiva. Por meio de
uma nutrição com propósito, respaldada na ciência, busca promover autonomia
alimentar com estratégias individualizadas, eficazes e sustentáveis. Atende na
clínica Centerclin, em Sumaré.
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