Colunas
Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva e atua na promoção da saúde e qualidade de vida

Coluna Nutrição Além do Prato

Manteiga ou margarina: o que realmente faz diferença para a sua saúde

Poucos temas geram tanta polêmica nas conversas sobre alimentação quanto a escolha entre manteiga e margarina. Ambas têm o mesmo uso principal, passar no pão, dar sabor às preparações e participar de receitas, mas suas composições e os efeitos sobre a saúde são bem diferentes.

Nos últimos anos, a manteiga voltou a ser valorizada e vista como uma opção mais natural, enquanto a margarina ganhou fama de vilã. Muitas pessoas acreditam até que há plástico na sua composição, o que, claro, não é verdade. Essa confusão vem do fato de a margarina ser um produto industrializado, feito a partir de óleos vegetais que passam por processos para adquirir a textura cremosa semelhante à da manteiga.

A diferença fundamental entre as duas está no tipo de gordura. A manteiga, de origem animal, é rica em gordura saturada, que em excesso pode elevar o colesterol LDL (considerado o “ruim”) e aumentar o risco cardiovascular. Já a margarina é feita com óleos vegetais, naturalmente ricos em gorduras insaturadas, consideradas benéficas para o coração.

O problema é que, por muitos anos, a produção de margarinas envolvia a hidrogenação parcial de óleos vegetais, processo que gerava gorduras trans, comprovadamente prejudiciais ao colesterol e à saúde cardiovascular. Hoje, esse cenário mudou. 

Desde 2023, o uso de gorduras parcialmente hidrogenadas foi proibido no Brasil, e as margarinas modernas utilizam processos alternativos, como a interesterificação, que permitem obter textura firme sem gerar gorduras trans. Além disso, algumas versões são enriquecidas com fitosteróis, compostos de origem vegetal que ajudam a reduzir a absorção de colesterol no intestino.

Em resumo, a manteiga tem origem natural, mas contém gordura saturada e deve ser usada com moderação. A margarina é industrial, mas as versões atuais podem conter gorduras insaturadas e fitosteróis, sendo uma opção interessante se escolhida com critério.

No fim, não existe vilã nem heroína. O que define o impacto de cada uma na saúde é a qualidade da dieta como um todo, a quantidade e a frequência de consumo. Um pouco de manteiga pode caber muito bem em uma alimentação equilibrada, assim como uma margarina sem gordura trans e com poucos aditivos também pode ter seu espaço.

O mais importante é entender o que se está escolhendo e lembrar que informação de e acompanhamento são sempre os melhores temperos.

Marina Rocha Luciano é nutricionista clínica esportiva, formada pela UNICAMP (Universidade de Campinas) e com pós-graduação pela USP (Universidade de São Paulo). Atua com foco na promoção da saúde e qualidade de vida, melhora da composição corporal e da performance esportiva. Por meio de uma nutrição com propósito, respaldada na ciência, busca promover autonomia alimentar com estratégias individualizadas, eficazes e sustentáveis. Atende na clínica Centerclin, em Sumaré.

Deixe um comentário