Polícia
Detenta denunciou abusos supostamente praticados por agentes da carceragem; GCM também é suspeito

Corregedoria da Polícia Civil investiga denúncia de abusos contra detentas na Cadeia de Monte Mor

Segundo depoimento de uma presa ao delegado, atos “inadequados” estariam sendo praticados por agentes da carceragem contra mulheres custodiadas, incluindo estupro de uma detida com problemas mentais

A Corregedoria da Polícia Civil investiga denúncias feitas por uma detenta custodiada na cadeia anexa da Delegacia de Monte Mor, que relatou casos de abuso sexual supostamente praticados por agentes da Polícia Civil contra presas. A mulher foi ouvida pelo delegado Marcelo Masaharu Ozawa e uma escrivã, que registrou boletim de ocorrência e comunicou os fatos à 9ª Corregedoria Auxiliar de Piracicaba, responsável pela condução das investigações. Entre os relatos está o suposto estupro de uma detenta com problemas de saúde mental dentro da cela.

De acordo com o boletim de ocorrência ao qual a reportagem teve acesso, a denúncia da presa foi registrada no dia 29 de agosto. A mulher citou o nome de dois agentes, sendo um, segundo ela, responsável pela carceragem. A presa relata que o homem identificado por ela como responsável pela carceragem vem “agindo de forma inadequada com as detentas”, exibindo vídeos e imagens de cunho íntimo em seu telefone celular. Ela relata já ter flagrado o denunciado “cheirando sua calcinha” e que, em outra oportunidade, ele teria pedido o sutiã de uma outra presa, com o pretexto de tirar o aro da peça. Diante da negativa, ele as teria deixado sem o jantar.

Na denúncia mais grave, ela afirma que o segundo funcionário citado manteve relações sexuais com uma detenta com problemas mentais, que teria sido presa por agredir a própria mãe. Ela relata que o agente, após ganhar sua confiança, voltou à sua cela de madrugada e, após conferir se as demais detentas estavam dormindo, praticou sexo com a presa, fato este que teria sido ouvido por ela, que estava acordada.

Após contatar a corregedoria, o delegado determinou a elaboração de um boletim de ocorrência para o crime descrito no artigo 217A do Código Penal (estupro de vulnerável) e outro descrito no artigo 215A (importunação sexual) e filmou o depoimento da detenta. Além disso, determinou a apreensão das roupas de cama em que teria ocorrido a relação sexual com a detenta e que teria sido descartada por ele em lixo.

Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que o suposto estupro de vulnerável é investigado pela Delegacia de Monte Mor e que o suspeito do crime é um guarda civil municipal. Já o caso envolvendo um carcereiro tramita sob sigilo pela Corregedoria da Polícia Civil, que também apura se há a participação de outros policiais civis no caso. Informou, também, que ambos os agentes foram realocados para outras funções durante as apurações.


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