Economia

SetCamp prevê colapso nos sistemas de transporte da RMC com alta do diesel

Concessionárias estudam redução no número de ônibus nas ruas, caso o Poder Executivo (municipais ou estadual) não apresente soluções rápidas para manter o equilíbrio econômico-financeiro dos contratos

O anúncio de reajuste de 8,9% no preço do diesel, feito nesta segunda-feira (9) pela Petrobras, trouxe uma grande preocupação para os sistemas de transporte sobre pneus na RMC (Região Metropolitana de Campinas). Os dados revelam que, somados aos reajustes anteriores do combustível, o diesel já subiu 47% este ano, gerando um impacto acumulado nas tarifas de 15,4%, conforme cálculo realizado pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos). Hoje, o diesel é o principal componente na cesta de insumos do setor de transporte.

As concessionárias realizam nesta terça-feira (10), na sede do SetCamp, uma reunião emergencial para discutir o problema. “Se nada for feito por parte do Poder Executivo, sejam os governos municipais ou estadual, uma das únicas alternativas que nos resta é reduzir a quantidade de ônibus nas ruas”, afirma Paulo Barddal, diretor de Comunicação do SetCamp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros da Região Metropolitana de Campinas).

O diesel, no mês de abril, já havia superado o custo da mão de obra que, historicamente, era o de maior peso na composição das planilhas. “As altas estão sendo constantes e os governantes não estão dando respostas para a manutenção do equilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Antes da pandemia, o maior custo que as concessionárias tinham era com a mão de obra, cerca de 50% do total. Em abril, o diesel representou 37,3% enquanto a mão de obra respondeu por 36,8% dos custos”, informa Barddal.

Por isso, existe um risco real de colapso nos sistemas de transporte, sejam eles dos segmentos municipais, metropolitano, rodoviário e intermunicipal, caso se não forem tomadas ações urgentes por parte dos gestores.

Embora as atividades econômicas tenham sido retomadas muitas pessoas perderam seus empregos e muitas empresas fecharam as portas por conta das restrições impostas ao longo de quase dois anos. “Hoje, os sistemas de transporte operam com cerca de 80% da demanda que havia antes da pandemia. E, por outro lado, existe uma pressão muito grande para que as transportadoras aumentem a demanda por parte dos governos municipais e estadual. O grande problema é que a conta não fecha faz tempo e ainda assim o setor é alvo de muitas críticas por parte dos usuários e da imprensa”, diz Barddal. As concessionárias, para conseguir manter os compromissos em dia, o que inclui o pagamento dos colaboradores, o recolhimento dos tributos, a renovação da frota, a manutenção dos veículos e a compra dos insumos, entre eles o óleo diesel, alertam que existem algumas medidas que podem ser tomadas pelo Poder Executivo. “Para manter os sistemas em funcionamento existem duas fórmulas mais comuns: aumento do valor da tarifa ou a criação e/ou revisão de subsídio”, lembra Barddal.

O SetCamp defende a criação ou a revisão dos valores dos subsídios existentes pois o transporte é considerado um serviço essencial, cujo direito de ir e vir é garantido na Constituição Brasileira. “O subsídio é uma forma justa para garantir um transporte de qualidade e precisa ser revisto sempre, pois os custos estão ficando insustentáveis. O aumento no valor da tarifa representa um impacto direto no bolso dos usuários que já tiveram uma série de problemas econômicos durante a pandemia”, pondera Barddal.

Outras variáveis, como a redução da carga tributária que incide sobre o setor, poderiam ser consideradas mas, uma vez que depende de vontade política e de mudanças nas legislações tributárias vigentes, não atenderia o setor de forma rápida. Outra solução é a redução dos custos, com cortes na oferta de serviço, o que impactaria de forma negativa no cotidiano das pessoas que dependem de ônibus para fazer os seus deslocamentos.

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