Projeto científico de adolescentes é premiado e impacta a vida de jovens

Estudo de três meninas de 12 anos sobre a crueldade contra os animais em testes de produtos ganha Menção Honrosa na Câmara de Sumaré

Hevellin, Joice e Larissa são meninas do ensino fundamental que viviam uma rotina comum a de jovens estudantes da mesma graduação, com lições, provas e brincadeiras entre as colegas. No entanto, uma experiência vivida durante a pandemia de 2021 alterou a forma delas encararem a vida pessoal e a própria trajetória acadêmica. Foi diante do curta metragem “Salve o Ralph”, que mostra a rotina de um coelho como cobaia de uma empresa de cosméticos, que elas foram impactadas e decidiram, literalmente, salvar o Ralph.

Com esse sentimento de inconformidade, nasceu o projeto científico “Animais Gritam por Socorro”, que tem transformado não só a vida das três jovens de 12 anos, como a de colegas e a dos próprios professores da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, de Sumaré, onde elas estudam.

O projeto já recebeu uma Menção Honrosa na Câmara Municipal de Sumaré por iniciativa do vereador Alan Leal (Patriotas), tornou as meninas embaixadoras do Criativos da Escola (programa que encoraja crianças e adolescentes a transformarem suas realidades) e chegou a ser apresentado em várias feiras científicas, entre elas na tradicional Febic (Feira Brasileira de Iniciação Científica).

As autoras do projeto cursam o sétimo ano do ensino fundamental. “Nosso objetivo é conscientizar as pessoas a respeito da utilização de cobaias animais em testes nas indústrias que fabricam produtos para os consumidores”, conta Hevellin dos Santos Nascimento. O projeto destaca formas alternativas de testes e a existência de um certificado, que garante a proteção dos animais.

“O que percebemos na nossa pesquisa de campo é que a maioria das pessoas sabia que empresas de cosméticos usam animais como cobaias, mas, por outro lado, não tinha o conhecimento da existência do certificado que vem na embalagem dos produtos. Esse selo é a garantia de que a empresa fabricante daquele produto não usa animais em seus testes e sim tecnologias alternativas”, explica Hevellin.

As jovens relatam que vários colegas mudaram o comportamento na forma de consumir quando se depararam com as informações do projeto. “Muitos que não sabiam da existência desse certificado hoje dizem que fiscalizam as embalagens para saber a forma de teste usada naquele produto. Isso é uma satisfação para nós, pois mostra que o nosso trabalho tem dado resultado”, comenta Larissa Domenique Gaspar, outra integrante do estudo.

Nas explanações do projeto, as meninas reforçam a crueldade contra os animais. “Um coelho chega a ter toda a pele retirada, ficando seu corpo exposto em carne viva”, relata Hevellin, lembrando ainda de métodos alternativos de testes. “Um dos métodos é a utilização de peles descartadas em cirurgias, por exemplo”.

Quando começaram os estudos sobre o assunto, as meninas não esperavam um retorno tão intenso. Agora, não querem parar. “Formamos um clube e estamos dando aulas na nossa escola para alertar cada vez mais as pessoas”, conta Joice Polotto dos Santos. E além da apresentação do trabalho em feiras, as estudantes têm se ocupado bastante nas redes sociais. “Os estudos irão continuar e não sei quando vão parar, pois há muita coisa a ser investigada ainda sobre o tema”, finaliza Hevellin.

Para quem quer conhecer mais sobre o projeto “Animais Gritam por Socorro” podem acessar o Instagram animaisgritam_porsocorro.

Orientadora elogia meninas e destaca outros projetos da escola

A ideia do projeto científico “Animais Gritam por Socorro” começou a ser organizado pelas estudantes Hevellin, Joice e Larissa com o apoio da Escola Estadual Professora Leila Mara Avelino, onde elas estudam. “Sou orientadora do projeto, mas, na verdade estou aprendendo com as meninas a respeito do assunto sobre a utilização de cobaias animais em testes de produtos”, conta a professora Ana Paula da Costa Faustino, que orienta as alunas do sétimo ano junto com a colega Maristela Miranda da Cruz, também professora.

“O trabalho foi executado por meio de lives, fichamentos e pesquisas bibliográficas. O primeiro passo foi a construção de um formulário para saber se a escola obtinha algum conhecimento prévio sobre as testagens em animais, métodos alternativos e os selos de certificação. A partir daí, o projeto tomou rumo”, conta Ana Paula.

A professora destaca a boa vontade das alunas. “Elas são esforçadas, dedicadas, correm atrás. São realmente um exemplo e aposto muito nelas. Sem dúvida, são jovens cientistas”, define Ana Paula, lembrando ainda que a escola Leila Mara Avelino segue apoiando outras pesquisas. “São 30 projetos que estão começando ou em andamento dentro da unidade. Isso é importante para o desenvolvimento dos nossos alunos.”

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