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Governador de São Paulo defende Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado

Governador Tarcísio propõe novo fundo para reduzir tarifa com privatização da Sabesp

Governador Tarcísio propõe novo fundo para reduzir tarifa com privatização da Sabesp

Proposta defende acelerar a universalização dos serviços para 2029 e descarta demissões na companhia que atua na região

Paulo Medina | Tribuna Liberal 

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apresentou projeto de lei que autoriza a desestatização da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), responsável pela gestão da água e esgoto em Hortolândia, Monte Mor e Paulínia na região. O texto assinado pelo governador foi protocolado na Alesp (Assembleia Legislativa do Estado) com a promessa de “levar saneamento para todos mais rápido, com melhor serviço e tarifa reduzida”. O Estado descarta demissões na companhia e diz ser inviável acelerar a universalização dos serviços sem a privatização.

“Os investimentos privados trazidos pela operação aumentam a capacidade da rede de saneamento básico de São Paulo. Sem a desestatização, a única maneira de garantir a universalização seria por meio do aumento da tarifa do cidadão”, diz o governo. A redução tarifária, segundo o Estado, será viabilizada pela criação do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo, com pelo menos 30% dos recursos obtidos com a venda de ações da Sabesp e parte do lucro com dividendos da empresa destinada ao Tesouro Estadual. O possível barateamento da tarifa atingiria diretamente 411 mil pessoas na região.

“Entendo que, de todos os projetos de desestatização que eu já participei, e foram muitos, o da Sabesp é, sem dúvida, aquele que a gente está tendo o maior cuidado, conversando mais, ouvindo e conversando muito com os prefeitos, superintendentes e parlamentares. E vamos continuar conversando na estruturação deste modelo e desta operação”, declarou o governador. “Formamos a convicção que será uma operação transformadora para São Paulo, na medida em que ela vai garantir a universalização nos municípios atendidos pela Sabesp e o Estado se manterá em uma posição relevante, como um dos principais acionistas da empresa”, explicou Tarcísio. 

Entre as diretrizes do Estado para a desestatização, estão universalizar o saneamento básico nos municípios atendidos pela Sabesp, incluindo as áreas rurais e os núcleos urbanos informais consolidados, como favelas e comunidades sem regularização; antecipar o cumprimento das metas do Novo Marco Legal do Saneamento de 2033 para 2029; e reduzir tarifas, com foco na população mais vulnerável.
Conforme anunciado em julho, o Governo de São Paulo pretende vender parte de suas ações na Sabesp pelo modelo de oferta pública (follow on) e permanecer com uma participação acionária menor, mas ainda relevante.

VETOS
Pela proposta enviada à Alesp, o Estado poderá vetar decisões sobre mudança de nome da Sabesp, da sede, da atividade econômica ou o limite máximo de votos que um acionista pode ter na Companhia. Caso o texto seja aprovado, o percentual de participação que dará direito a estes votos será estabelecido pelo Conselho Diretor do Programa de Desestatização ainda antes da oferta pública das ações.
A Sabesp já havia previsto investimentos de R$ 56 bilhões para universalizar o saneamento nos 375 municípios atendidos pela Companhia até 2033, incluindo as cidades da região.

Para as áreas rurais e as de maior vulnerabilidade social, além de investimentos com foco em resiliência hídrica, a estimativa é que o valor suba para R$ 66 bilhões, antecipando a universalização para 2029. Assim, a desestatização vai garantir R$ 10 bilhões a mais para ampliação dos serviços e destina recursos para redução tarifária de forma perene, segundo o Estado.“O que estamos criando é inovador no mercado de saneamento: um fundo com recursos do próprio Estado, seja por meio da venda de parte das ações do Governo de São Paulo na Sabesp ou pela participação nos lucros da empresa para reduzir tarifa à população. Queremos levar saneamento de qualidade para todos, mais rápido, melhor e mais barato”, destacou o governador. 

SABESP NÃO VAI MUDAR DE NOME, AFIRMA GOVERNO 
Segundo o governo estadual, a Sabesp continuará em São Paulo e não mudará de nome caso seja privatizada. O projeto de lei enviado ao Poder Legislativo dá poder de veto ao governo para que nenhuma dessas situações aconteça. Conforme o Estado, não haverá demissões na companhia. “A desestatização fará com que a Sabesp cresça e tenha potencial para se tornar uma multinacional do setor de saneamento. Isso vai gerar novas oportunidades para os profissionais que atuam na empresa, reconhecidos por sua capacidade técnica. Com a desestatização, a companhia se torna mais competitiva, podendo disputar novas concessões, inclusive em outros estados ou mesmo fora do Brasil”, afirma.  

PARA ALCANÇAR METAS,  SABESP TEM DE AUMENTAR INVESTIMENTOS 
Para a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, o Novo Marco do Saneamento traz a necessidade de universalização dos serviços considerando áreas não contempladas nos contratos atuais, como regiões rurais ou bairros e comunidades urbanas consolidadas.
“Para alcançar essas metas, a Sabesp teria que aumentar o volume de investimentos no sistema e isso poderia ser custeado de duas maneiras: ou a empresa permaneceria como está, com 50,3% de participação do Estado, mas as tarifas dos cidadãos necessariamente iriam aumentar, ou o Estado optava por reduzir sua participação na empresa, destinando recursos da operação e dividendos próprios para reduzir as tarifas. Fizemos a última opção por meio do Fundo de Apoio à Universalização do Saneamento no Estado de São Paulo”, explica.

CAPITAL PRIVADO 
O Governo de São Paulo decidiu pela desestatização da Sabesp com o objetivo de atrair capital privado para o saneamento e antecipar as metas de universalização de 2033 para 2029 - quatro anos antes do prazo estipulado pelo Novo Marco do Saneamento -, além de reduzir a tarifa, com foco na população vulnerável. Segundo o Novo Marco do Saneamento, universalização significa 99% da população abastecida com água tratada e 90% com coleta e tratamento de esgoto. Após os estudos iniciais, realizados pela IFC (International Finance Corporation), instituição do Grupo Banco Mundial, o Estado decidiu propor a oferta pública de ações da Sabesp na B3, a bolsa de valores brasileira. A estruturação da oferta pública está em andamento.

RAIO-X 
Segundo dados da Sabesp, do total dos domicílios atendidos pela empresa, 98% possuem água tratada. Além disso, 83% dos domicílios atendidos pela empresa possuem coleta e tratamento de esgoto. Os números ainda não consideram as áreas rurais e os núcleos urbanos informais consolidados, como, por exemplo, favelas e comunidades de maior vulnerabilidade social já estabelecidas, que serão contemplados com a desestatização.     

CONSELHO AUTORIZOU CONTRATAÇÃO DE BANCO PARA OFERTA PÚBLICA 
No final de setembro, o CDPED (Conselho Diretor do Programa de Desestatização) autorizou a Sabesp a dar início ao processo de contratação de instituições financeiras para a coordenação de uma possível oferta pública das ações da companhia. “O CDPED também tratou da continuidade do projeto de desestatização da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo. 

Na reunião, o colegiado autorizou a Sabesp a iniciar o processo de contratação de instituições financeiras para a coordenação de possível oferta pública das ações da companhia”, informou o governo paulista. O governo Tarcísio de Freitas lançou também um guia informativo sobre a desestatização da Sabesp. Na cartilha, o governo afirma que os contratos atuais de concessão firmados pela companhia poderão ser prorrogados até 2060. Além disso, destaca que haverá redução de tarifa sem comprometer o caixa da empresa.

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