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Priscila, diretora-presidente da AMAAH-SP, mostra espaço para horta na sede da entidade

AMAAH faz 2 anos com nova sede e serviço de equoterapia para autistas

 Já são 192 famílias atendidas em Hortolândia, 156% a mais do que as 76 que recebiam os cuidados da associação no primeiro ano de funcionamento, em 2020

Em dois anos, o número de famílias atendidas pela AMAAH-SP (Associação de Mães e Amigos do Autista de Hortolândia) quase triplicou. Já são 192 famílias cadastradas na associação. Quando foi fundada, em setembro de 2020, eram 76, um aumento de 156%. A entidade comemora seu segundo aniversário com avanços como a conquista da sede com serviço de equoterapia, localizada no Parque Ortolândia, e a parceria com o Unasp-Hortolândia (Centro Universitário Adventista de São Paulo) que garante atividades físicas gratuitas voltadas aos autistas. As informações são da presidente da AMAAH-SP, Priscila Silvana de Paula Silva.

Quando foi fundada, a AMAAH-SP funcionava na casa de Priscila. Desde o ano passado, ela buscava parcerias para a associação ter um local adequado para ampliar o acolhimento aos autistas e seus familiares, conforme reportagem publicada pelo Tribuna Liberal, no final do ano passado. A conquista chegou. Agora, a AMAAH-SP atende na chácara localizada na Rua Hjalmar Holdrich Gerhard Lindquist, nº 907, Parque Ortolândia, uma parceria com a Encanto- Equoterapia e Hippoterapia.

Além do serviço de equoterapia - que utiliza o cavalo para o desenvolvimento biopsicossocial dos praticantes-, a sede da entidade tem salas para AEE (Atendimento Educacional Especializado), Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, psicóloga especialista em terapia ABA (Análise Comportamental Aplicada), neuropsicóloga que acolhe as demandas dos cuidadores e orienta com base na análise do comportamento e um psicanalista, pai de uma criança autista, atende familiares dos assistidos.

“Na nova sede, vamos conseguir ampliar os atendimentos e fazê-los simultaneamente, o que antes não era possível. O Sr. Eliseu, presidente do Sindmei (Sindicato dos Microempreendedores Individuais de Hortolândia e Região) e do Rotary Club de Hortolândia, nos cedeu uma sala no Jd. Amanda e outra no Rotary, no Centro. Foi muito boa a ajuda, mas o espaço ficou pequeno rápido demais. Agora, todos os atendimentos serão concentrados na sede, graças a essa oportunidade de parceria”, comemora Priscila.

“Estamos num local voltado à natureza, vamos conseguir trabalhar com as crianças atividades com horta, tem alguns animais para elas terem contato, a própria equoterapia, o que ajuda bastante no desenvolvimento dos autistas”, completa a presidente da AMAAH-SP. O espaço tem até um redário para os pais descansarem enquanto aguardam os filhos que passam por atendimento.

Outro avanço da entidade é a parceria com a faculdade de Educação Física do Unasp que oferece atividades físicas voltadas às pessoas com TEA (Transtorno do Espectro Autista) aplicadas pelos estudantes, toda segunda-feira às 19h. De acordo com Priscila, um segundo projeto será iniciado com o Centro Universitário, por meio da Faculdade de Pedagogia, o Educa TEA, um projeto de alfabetização, letramento e matemático, com atividades às quintas-feiras.

“A cada semana temos mais famílias que nos procuram, seja com um laudo fechado ou com suspeita de autismo. Temos atendido também famílias de outras cidades. Hoje, estamos vendo que a AMAAH-SP está fazendo a diferença na vida dos autistas de Hortolândia e região. Muitos tem apenas o atendimento que oferecemos. Vamos pagar aluguel da sede, por isso, contamos com a ajuda de empresários e pessoas que queiram nos ajudar nesta causa tão nobre”, observa Priscila.

FESTA

Para comemorar o aniversário de dois anos, a entidade reuniu as famílias atendidas, voluntários e parceiros num evento na Escola Estadual Paulina Rosa, Jardim Santa Rita de Cassia, dia 18 de setembro. No encontro, as pessoas puderam desfrutar dos brinquedos, refrigerante, bolo, cachorro-quente e algodão doce, tudo gratuito. Uma visita ilustre animou a festa: Nana Ursa, a mascote da AMAAH-SP, personagem criada por uma autista atendida pela entidade.

Portas abertas na pandemia para acolher famílias

A AMAAH foi fundada em setembro de 2020, quando Priscila, que é mãe de um menino autista, de 13 anos de idade, resolveu transformar sua experiência em apoio a outras mães e familiares que cuidam de pessoas com TEA e abriu as portas de sua casa para acolher essas pessoas, em plena pandemia. A diretoria da entidade é formada somente por pais, familiares de autistas e profissionais ligados ao TEA.

Para acolher os autistas e seus familiares, a AMAAH-SP conta com uma rede de apoio multidisciplinar voluntária formada por fonoaudiólogo, psicólogo, educador físico, terapeuta ocupacional, psicopedagogo, advogados, dentre outros.

A entidade apoia pessoas em busca de orientação sobre como confirmar o diagnóstico, tratamento, auxílio psicológico e assistencial. Também fornece cestas básicas, cujos alimentos são doados por voluntários, para famílias de autistas de baixa renda.

Com o apoio da associação, a prefeitura passou a fazer a emissão da Carteira de Identificação do Autista. O documento é um importante meio para que autistas possam comprovar sua condição, bem como auxilia na identificação dessas pessoas pela sociedade.

Neste ano, a associação conquistou o título de utilidade pública, quando o Poder Público reconhece a relevância de um projeto social sem fins lucrativos desenvolvido por uma entidade em benefício de uma comunidade. Mais informações sobre os serviços oferecidos pela AMAAH-SP e como fazer doações podem ser obtidas pelos telefones (19) 3504-5356 ou (19) 99346-5761 (WhatsAPP e Telegram).

Trabalho grandioso supera o poder público, diz mãe

A depiladora e designer de sobrancelhas, Amanda Furtado, 43 anos, tem um filho autista com 12 anos de idade. Samuel participa das atividades da AMAAH-SP há cerca de um ano e meio. Segundo a mãe, que mora no Jardim Amanda, o acolhimento da entidade é um divisor de águas na vida de Samuel, dela e de toda a família.

“Não tenho palavras para descrever a importância e grandiosidade desse trabalho. A cidade não oferece nada para garantir a melhora dos autistas de nenhuma forma. O atendimento no CAPs é paliativo porque eles (profissionais) não são preparados, treinados para trabalhar com autistas”, observa a mãe.

Amanda conta que foram anos de busca junto aos médicos para descobrir por que o filho tem dificuldade de aprendizagem, não pega nos alimentos se estiverem sem casca por causa da textura que incomoda, é intolerante a barulho alto, dentre outros comportamentos que causavam estranheza à família.

“Ele é um caso de diagnóstico tardio. Ainda está sem o laudo, mas sob investigação há três anos. Tínhamos muita dúvida, os profissionais da rede pública de saúde não se aprofundavam. Os médicos diziam que Samuel era só uma criança sem limites”, lembra Amanda.

“Aos 12 anos, ele não lê, não escreve, não reconhece uma letra cursiva, não consegue amarrar o sapato sem ajuda...Encontramos dificuldade de arrumar profissionais e quando a demanda é menor, como a do Samuel, que precisa de suporte nível 1, é mais difícil ainda”, completa.

Amanda descobriu a AMAAH-SP ouvindo rádio. Priscila, presidente da entidade, era a entrevistada. Pouco depois, a mãe do Samuel fez contato com a associação e encontrou, lá, um porto seguro. Samuel utiliza os serviços de AEE (Atendimento educacional especializado) oferecidos por profissionais que fazem parte da rede de apoio da Amaah. Também participa das atividades físicas direcionadas a autistas por meio do Movimento TEA, parceria da entidade com o Unasp Hortolândia.

“O suporte do AEE é maravilhoso. Tem ajudado muito o Samuel no dia a dia. Ele estava muito depressivo antes do atendimento na AMAAH-SP. Agora está bem melhor. O papel da entidade tem sido muito importante na vida dele”, valoriza a mãe. 

Amanda também elogia o apoio que a entidade oferece às mães. “Estava muito esgotada...são muitos anos em busca de ajuda para descobrir o que era. Participar das terapias de grupo tem sido muito gratificante porque eu tenho conseguido mais energia para uma luta que é diária, consigo entender e trabalhar com ele a terapia ABA, o que ajuda muito”.           


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